O açúcar está hoje em bom ciclo no mundo, pois seu consumo se expande anualmente um dois por cento, muito similar ao aumento da população, e cresce mais que os investimentos no setor.
Efetivamente, os preços internacionais da sacarose sem refinar, que cresceram na última década uns 22 centavos de dólar em Nova York, permanecem ainda atraentes, apesar dos recentes prognósticos de um superávit do adoçante para o período 2011-12.
Se em janeiro de 2000 a média da cotação desse produto básico foi de 8,51 centavos a libra, nesse mês de 2011 esta rondou os 31,96 centavos, e ainda que de 2000 a 2007 teve em vários anos de baixas, a partir de 2008 as cotações mantêm-se atraentes e chegaram a tocar os 36 centavos a libra em algumas sessões de fevereiro do ano recém finalizado.
Estas abriram 2012 com uma leve alta respeitante dos finais de dezembro, a mais de 24 centavos de dólar a libra no mercado de Nova York, e acima de 600 dólares a tonelada métrica ™ de refino em Londres.
Fatores influentes
Segundo especialistas, na atualidade sobre o preço do adoçante gravitam os fundamentos do mercado, e elementos alheios a estes, como o impacto da crise financeira global, as flutuações do dólar e o euro, e a cotação do petróleo.
Em entrevista com Prensa Latina, o presidente da Companhia Açucareira Internacional S.A., Juan Alberto Kelly, destacou a influência no curso das cotações do Brasil, maior produtor mundial do adoçante e também o principal exportador.
Essa nação tem visto afetada sua produção, particularmente em sua região centro sul, que contribui uns 33 milhões de tm das 40 que fabrica o país, devido à queda dos rendimentos agrícolas e outros problemas que diminuíram seu volume de açúcar.
Se prevê que essa situação se reverta em 2013 mas, existe incerteza e insegurança quanto a que tal recuperação se conseguir para essa data em um país com uma forte baixa nos estimados de sua atual colheita, batido pelo elemento climático.
Nesta altura o Brasil está destinando mais dinheiro à produção de etanol que à de açúcar, argumenta Kelly.
Outro elemento de suporte do preço o constitui o caso da China, ao cair sua produção, manter um alto consumo desse alimento, e anunciar que sairá a adquirir perto de dois milhões de tm.
Ainda permanecem altas as cotações do adoçante, experimentaram nos últimos meses frequentes descidas.
Algumas casas consultoras privadas atribuem-nos em boa medida à percepção de um alto superávit mundial do produto, o qual estimaram em até quase 10 milhões de tm por incremento do volume das safras em um grupo de países, principalmente da UE, Índia e Rússia, que começou a exportar sacarose depois de muitos anos de ser notadamente importador.
No entanto, esses prognósticos de excedente foram-se desinflando nos meses mais recentes e hoje existe o consenso entre as diversas casas consultoras (há umas 10) que situam o superávit em 4,5 milhões de tm.
A Organização Internacional do Açúcar (OIA), fundamental reitor da comercialização do adoçante, ratifica essa convergência, ao estimar uma produção global de 172,18 milhões de tm, face um consumo de 167,7 milhões.
Em opinião de Kelly, a UE, cuja produção está menos regulada como resultado da reforma agrícola aplicada pelo bloco, pode tornar em um elemento distosoante do mercado, ao anunciar que se lançará a este como importador e exportador.
Açúcar, elemento da equação
De acordo com as tendências mais recentes neste setor no plano internacional, os investimentos dirigem-se hoje mais para o etanol e a co-geração para produzir energia e eletricidade, que à sacarose, a qual se considera só parte da equação.
Várias décadas atrás, 99 por cento do capital investido no setor dedicava-se à produção de açúcar, enquanto hoje boa parte destina-se ao fomento da eletricidade e álcool combustível.
Os altos preços dos combustíveis e as pressões sobre a mudança climática, estimulam o uso da cana de açúcar com esses fins.
Ascensão do consumo
O consumo global de açúcar cresce em forma constante através dos tempos, com a lógica exceção das épocas de conflitos bélicos mundiais, em que a escassez do produto o impediu.
No início do século XX o consumo mundial era de oito milhões de tm, nos anos de 1970 rondava os 75 milhões, e hoje supera os 160 milhões.
Apesar do formidável aumento do consumo, que tem sido uma característica da economia açucareira, escassos têm sido os períodos- não bélicos-, sem sobras mundiais.
Nos mercados
Contudo, as elevadas cifras de sacarose compreendidas na demanda global, as que se comercializam são mais modestas.
A diferença do café, cacau e outros produtos tropicais, o volume de açúcar que entra no comércio mundial é pequeno em relação com seus níveis de consumo.
A explicação radica em que a sacarose pode se produzir praticamente em qualquer clima, nas variantes de cana ou beterraba, daí que grande parte se consuma dentro das fronteiras dos países que a fabricam.