A Dedini, fabricante de máquinas para usinas de açúcar e etanol, vê fim da estagnação dos investimentos no setor e visualiza o surgimento de novas usinas já em 2012.
As usinas de açúcar e etanol, após vários anos sem investir, devem voltar a apostar na ampliação da capacidade em 2012. Essa é uma boa notícia para a Dedini, maior fabricante de máquinas e equipamentos para o setor.
Depois de uma das piores quebras de safras já vistas, o setor começará a recuperar o dinamismo neste ano.
A atual safra, já praticamente finalizada, obteve uma colheita de cana-de-açúcar 11,4% menor do que na safra anterior, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). O dado corresponde às unidades do centro-sul do país, responsáveis por 90% da produção nacional.
"Nesta safra, práticas de cultivo e condições inadequadas provocaram um impacto duplo que normalmente não ocorre: a queda da produtividade e da qualidade da cana", explica José Luiz Olivério, vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da Dedini.
Nesta safra, a falta de chuvas entre março e abril e o excesso de chuva durante a colheita afetaram a produção. Junto com isso, a falta de renovação dos canaviais devido à crise de 2008 agravou o quadro.
Não somente a quantidade foi menor, mas a cana colhida também perdeu em qualidade. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR, as substâncias da cana usadas para a fabricação de açúcar e álcool) para cada tonelada de cana caiu 2% nesta safra.
Mas a falta de investimentos não vem deste ano: as empresas vêm postergando seus planos de investimento desde 2008.
Em um primeiro momento foram afetadas pela crise, mas após a recuperação, a maioria dos grupos, como Cosan e ETH, priorizou a expansão via aquisições. Para a Dedini, houve dificuldade em renovar sua carteira de pedidos.
"A partir de 2008 já não houve mais nenhuma nova decisão de expandir. Apenas pequenas coisas, não significativas, mais voltadas a eliminar gargalos na produção", diz Olivério.
Diante disso, ele conta que a empresa diversificou os produtos, oferecendo equipamentos para a produção de cervejas, tratamento de efluentes, e até componentes para refinarias de petróleo.
Na próxima safra, prevista para iniciar em março, as usinas pretendem dar início à renovação dos canaviais, prática que aumenta a produtividade da cana. No mercado, fala-se em uma renovação de ao menos 8%. Com isso, parte das indústrias vai também investir na expansão dos canaviais existentes.
Dentre os grupos que pretendem expandir a área de plantio, alguns já contataram a empresa para elevar a capacidade. "Esses grupos estão retomando contato, pedindo atualização de orçamento, e no segundo semestre teremos oportunidades", diz.
Assim, já neste ano a Dedini prevê retomar os pedidos, ainda que espere que o maior movimento vá ocorrer apenas em 2013.
"O ano 2013 será de grande aquecimento. Para o ano que vem a tendência é de aumento no preço dos equipamentos", destaca.
Com a forte demanda por etanol no país e a popularização crescente dos carros "flex", Olivério reforça a aposta de que a crise no setor é apenas passageira. "Ninguém vai abandonar o mercado".
Até 2020, a Unica prevê o surgimento de 120 usinas de grande porte no país. Olivério já trabalha com esses números em seu plano de negócios.
"Teremos uma média em torno de 15 a 20 usinas novas por ano a partir de 2013. Este ano já começaremos a ver alguma coisa", diz.