A Região Administrativa (RA) de Rio Preto é uma das que mais baniram o fogo dos canaviais durante a safra da cana-de-açúcar 2011/2012 no Estado de São Paulo. Balanço do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético 2011/2012, divulgado ontem, mostra que a região ocupa a terceira colocação entre as 11 no corte de cana crua, com 69,2% do total. O volume é superior ao estadual, 65,2%.
A região ficou atrás apenas das RAs de Barretos, que lidera o ranking, com 74,3% de mecanização na colheita, e de Franca, que registrou 70,8% da colheita mecanizada no Estado. O Protocolo é um acordo entre as usinas de cana e o governo paulista que estabeleceu uma série de princípios e diretivas técnicas, de natureza ambiental, a serem observadas pelas indústrias do setor.
Quando a análise considera o índice de colheita de cana sem queima nas capitais regionais, Rio Preto aparece na primeira colocação, com 81,7% da colheita mecanizada, relativos a 5,4 mil hectares de cana crua. A não queima de 4,4 mil hectares em Rio Preto, colhidos com a cana crua, significa que 2,6 mil toneladas de poluentes deixaram de ser lançadas na atmosfera.
O resultado representa a tirada de circulação de 47,8 ônibus por ano de uma cidade. Para o representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, Sergio Prado, os índices refletem o compromisso do setor, que inclui usinas e produtores, de avançar na eliminação do fogo para o corte.
De acordo com a Unica, entre as diversas diretrizes, se destaca a que antecipa os prazos legais para o fim da colheita com o uso prévio do fogo nas áreas cultivadas. Essa prática agrícola, denominada queima controlada da palha da cana, é necessária para a sua colheita manual, sem o emprego de máquinas.
Até 2014, isso deve ocorrer nas áreas onde é possível colher com máquina e, até 2017, em todas as áreas de canavial. "É importante que todas as regiões avancem. Algumas estão na frente porque as usinas novas já adotam esse modelo, mas outras têm problemas com o declive do local."
Oito municípios se destacam
A Secretaria do Meio Ambiente divulgou um ranking com os 40 municípios líderes em colheita sem queimadas. Desse grupo, fazem parte oito cidades do Noroeste paulista, seis da região administrativa (RA) de Rio Preto e outras duas da de Barretos. Individualmente, a cidade que mais contribui para baixar os índices de poluição com a queima da cana é Teodoro Sampaio. A taxa é de 99%.
O melhor desempenho foi registrado por Cardoso, que pertence à RA de Rio Preto e ocupou o quarto lugar no ranking estadual, com 94% de 7,4 mil hectares colhidos de cana crua. Outros destaques são Planalto, na 16ª colocação, com 87% dos 11,7 mil hectares colhidos crus, Populina (18ª), com 87% de 9,2 mil hectares, e Votuporanga (36ª), com 82% de 7,1 mil hectares. Da região administrativa de Barretos aparecem Guaraci, com 86% de cana crua em 19,3 mil hectares, e Monte Azul Paulista, com 84% em 8,6 mil hectares.
Área sem queima atinge 65%
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, desde 2007, quando a proposta foi assinada, a mecanização passou de 34,2% para 65,2% da área colhida, frente 65,8% de área queimada para 34,5% no Estado. Os números foram calculados a partir de imagens de satélite, compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dos 4.796.140 hectares de cana colhidos na safra do ano passado, 3.125.619 ( 65,2%) foram colhidos mecanicamente. O restante 1.670.521 hectares, 34,8% do total, utilizou a técnica com fogo.
Com a mecanização, 4,5 milhões de hectares deixaram de ser queimados no estado desde a safra 2006/2007. Com isso, o setor deixou de emitir 16,7 milhões de toneladas de poluentes. Além disso, outros 2,7 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) não foram emitidos. O resultado é o equivalente a retirada de circulação de 47.128 ônibus por ano em uma grande cidade.
Ainda segundo a Secretaria, o setor é responsável pela recomposição de 269.977 hectares de mata ciliar. O consumo de água nas agroindústrias também reduziu. Nos anos 1990, cinco litros de água eram utilizados para cada metro cúbico por tonelada de cana processada. Em 2011, o consumo foi de 1,45 litro. Outro dado positivo da mecanização é a geração da biomassa.
Ao todo, 39 milhões de palha da cana ficam nos canaviais com potencial para gerar 19,5 bilhões de quilowatt-hora (KWh) por ano. Maior produtor dessa cultura agrícola no Brasil, o Estado de São Paulo responde por 70% da cana no País e por 17% da produção de etanol do mundo.