Os Estados Unidos e o Brasil se manterão na liderança na produção mundial de álcool até 2015, com o volume atingindo o patamar 56 bilhões e 50 bilhões de litros do produto, respectivamente. O estudo sobre álcool e biodiesel apresentado ontem (19) no Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) foi produzido pelo economista da RC Consultores Fábio Silveira.
Segundo a pesquisa, a expansão da oferta norte-americana será sustentada, essencialmente, por incentivos fiscais, devido ao custo de produção é pouco competitivo. No caso brasileiro, por sua vez, a produção terá forte incremento em decorrência de suas nítidas vantagens comparativas –cadeia produtiva bastante integrada, elevada escala operacional, menor custo de produção, avançado domínio tecnológico no âmbito agrícola e industrial, disponibilidade de áreas para plantio, condições climáticas favoráveis.
Para Silveira, para o álcool ter um mercado internacional efetivo não basta o Brasil, atualmente o maior exportador, aumentar aceleradamente suas vendas externas no longo prazo, mas também incentivar a produção em diferentes regiões do mundo.
O economista afirma que o crescimento da produção de álcool de milho dos Estados Unidos será menor que o registrado nos últimos anos e, por conseqüência não terá excedente para a exportação. Ele afirma que o mercado americano irá aumentar a compra do álcool brasileiro, bem como acelerar o desenvolvimento do álcool celulósico –obtido através da celulose.
Todo mundo que trabalha nessa área sabe que entre a produção de laboratório e a escala necessária para o mercado há uma distância terrível, afirmou o presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio-SP, José Goldemberg, que não acredita que os Estados Unidos tenham o álcool celulósico no curto prazo.
Biodiesel
Segundo Silveira, o país precisa de uma política clara sobre a produção de biodiesel –feito, principalmente, a partir da soja–, que hoje está em um bilhão de litros e deve triplicar de volume até 2015. O economista entende que a expansão do biodiesel não afetará a oferta de alimentos, pois o país tem uma grande disponibilidade de terras, o que permite tanto aumentar o plantio de soja, como também para expandir as culturas de milho e de cana-de-açúcar.
Fonte: Folha de SP, em 19/08/2008