O mercado de açúcar e álcool apresentou firmeza ao longo de agosto. Em pleno período de colheita da cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, os preços subiram na região de Ribeirão Preto (SP), maior pólo produtor do país e referência na comercialização. A consistente recuperação dos preços futuros do açúcar em Londres e Nova York e o viés de alta do dólar trouxeram sustentação para a commodity ao longo do mês, além, claro da situação fundamental, com oferta controlada no mercado interno, com uma produção menor que a do ano passado, em função da prioridade que os usineiros vão dando ao etanol no mix produtivo.
No caso do açúcar, os referenciais de preços do cristal eram de R$ 28,50 a no máximo R$ 29,00 pela saca de 50 quilos na primeira semana de agosto. Os valores foram subindo gradativamente no decorrer do mês, encostando em mais de R$ 30,00 na última semana. O analista de SAFRAS & Mercado, Miguel Biegai, salienta que em menos de um mês a valorização foi de R$ 1,00 por saca, valor que faz grande diferença no fluxo de caixa das empresas.
A oferta de açúcar está mais controlada, tanto no mercado interno como no externo. A produção no Centro-Sul diminuiu nesta safra 2008/09. Conforme balanço parcial da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, a produção totalizou 12,47 milhões de toneladas até 16 de agosto, recuo de 5% na comparação com as 13,1 milhões de toneladas da safra 2007/08. Em âmbito mundial, conforme análise da Czarnikow, o déficit de açúcar durante a temporada 2008/09 vai ser de 3,3 milhões de toneladas, ante um excedente de 11 milhões de toneladas registrado na safra anterior, por conta das reduções nas safras da Índia e da União Européia. A Czarnikow está estimando a produção mundial de açúcar 2008/09 em 164,1 milhões de tone ladas, na comparação com as 172 milhões de toneladas da temporada anterior.
Já os preços do mercado de álcool combustível, cuja denominação será oficializada em breve para etanol, passaram de uma faixa de 0,83 centavos por litro no caso do hidratado, também em Ribeirão Preto, no início do mês, para R$ 0,90 por litro na última semana de agosto. Uma reação significativa, sempre lembrando que a safra está em pleno andamento. Mesmo com o crescimento do ritmo da moagem da cana-de-açúcar e da produção no Centro-Sul, o consumo segue muito aquecido, oferecendo o suporte necessário para que os preços do combustível subissem.
Biegai salienta que o mercado interno de etanol continuou surpreendendo as estimativas de analistas e traders, principalmente no final de agosto. No primeiro trimestre do ano, diante dos sinais de uma safra recorde de cana-de-açúcar, era consenso imaginar preços baixos para o período do terceiro trimestre, quando o pico de oferta de safra poderia jogar as cotações do etanol para patamares inferiores aos da linha de custo, em um cenário parecido com o que ocorreu em 2007. No entanto, o relativo atraso da colheita, a não-entrada de algumas usinas que estavam previstas, e principalmente o forte consumo interno, são fatores que estão fazendo com que os preços do etanol, principalmente do hidratado, estejam subindo mesmo em um período que historicamente representa o de grande acúmulo de oferta, finaliza Biegai.
Fonte: Google News, em 02/09/2008