Usineiros pedem política pública para incentivar etanol

A falta de uma política pública para o setor de etanol é considerada o maior entrave para o restabelecimento das empresas. A crítica recai especialmente sobre o preço do produto, que nos últimos anos perdeu competitividade até mesmo para o álcool de milho dos Estados Unidos. Além disso, o consumo do combustível está associado ao preço da gasolina, que não é reajustado há oito anos.

"Até 2008 todo mundo queria investir no Brasil por causa do etanol. Com o congelamento do preço da gasolina e o aumento do custo de produção, viram que o investimento não é tão rentável como esperavam", avalia a analista sênior do Centro de Inteligência do Agronegócio da PricewaterhouseCoopers, Vanessa Nardy. Na opinião dela, falta um apoio maior para estabilização do setor.

Crédito. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma linha de crédito para renovação dos canaviais, mas poucos conseguiram retirar o dinheiro até agora. Para os produtores, essa medida isolada não é suficiente para atrair os investimentos necessários para expandir a produção. Uma das principais reivindicações para retomar a competitividade é a desoneração tributária. O setor já apresentou uma proposta de redução das alíquotas de PIS e Cofins para o etanol.

Até agora o principal ganho do setor vinha da comercialização de açúcar no mercado internacional. Mas, desde o começo do ano, o preço da commodity já recuou 12% e pode cair ainda mais. O movimento foi provocado pelo aumento da produção da Índia e da Rússia, que podem tomar mercado do Brasil.

Apesar de o dólar ter subido bastante nos últimos dias, se o preço do açúcar cair abaixo de US$ 20, o setor poderá ter prejuízos. A alternativa, nesse caso, seria produzir mais etanol, afirma o produtor José Pessoa de Queiroz Bisneto. Ele destaca, entretanto, que essa mudança não significaria reduzir o preço do etanol, pois hoje está faltando combustível no mercado. "O consumidor não sente porque o País está importando álcool dos Estados Unidos."

 

Deixe um comentário