Dois dias após a publicação dos vetos do Código Florestal, que geraram críticas de ruralistas e ambientalistas, a presidente Dilma Rousseff disse ontem, em evento no Palácio do Planalto, que a preservação do meio ambiente é "condição essencial" do crescimento econômico. Ela aproveitou para reforçar o convite a delegações estrangeiras para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
"A matriz energética renovável é sempre melhor do que uma matriz fóssil ou físsil (nuclear)", disse Dilma, durante solenidade de entrega da quarta edição do Prêmio Objetivos do Desenvolvimento do Milênio Brasil. "Percebemos também que um desenvolvimento e um crescimento econômico que não respeitam o meio ambiente comprometem o presente e o futuro dos nossos países", acrescentou a presidente.
Dilma lembrou que falta menos de um mês para a realização da Rio+20, que vai trazer uma "nova discussão". "Sem abrir mão dos nossos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, temos de dar passos à frente. E os nossos passos à frente são a expressão do nosso comprometimento com essa tríade: incluir, crescer, proteger e conservar, ou conservar, proteger, crescer e incluir", afirmou. "E isso significa que teremos de criar metas, a serem perseguidas e realizadas."
Para a presidente, "aprendemos que a preservação do meio ambiente é condição essencial do crescimento econômico. E descobrimos que a produção sustentável é a melhor forma de gerar oportunidades para a inclusão de todos nós".
Ao final do discurso, a presidente aproveitou para reiterar o convite a "todos os ministros da América Latina, do Caribe e da África" a comparecer à Rio+20.
Compromisso. O setor privado "está quilômetros à frente do setor público" em seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. A avaliação é de George Kell, diretor executivo do United Nations Global Compact, uma entidade ligada à ONU com o apoio de empresários ao redor do mundo.
Em entrevista coletiva em Nova York, Kell frisou a importância de a comunidade internacional apoiar a Rio+20 mesmo diante da crise europeia, desaceleração dos Brics, eleições nos EUA e a crise no Oriente Médio. "Não podemos pensar em soluções de curto prazo porque essas levarão à construção de barreiras. O mais importante será restaurar a cooperação multilateral mesmo em um cenário adverso", disse.
O objetivo da Global Compact, segundo ele, é elevar de 7 mil para 20 mil o total de executivos associados na Rio+20.
Ao longo desta semana, diplomatas envolvidos na Rio+20 estão reunidos na sede da ONU em Nova York, na penúltima rodada de negociações para redigir o documento final da conferência, de 20 a 22 de junho – o acordo tem de ser obtido por consenso. Por isso, o processo tem sido demorado. Amanhã, encerra-se o prazo para as negociações. Depois, os debates serão transferidos de Nova York para o Rio.