A unidade da Usina Guarani, de Tanabi (SP), que estava parada há seis dias por causa de uma greve dos trabalhadores do setor químico, voltou a funcionar ontem por força de uma liminar concedida pela Justiça do Trabalho obrigando 40% dos grevistas a voltar ao trabalho.
A greve dos 250 trabalhadores da empresa causou prejuízo de R$ 6 milhões. A Guarani, que pertence ao grupo francês Tereos e à Petrobrás Biocombustíveis, deixou de fabricar cerca de 2,4 milhões de litros de etanol e 180 mil sacas de açúcar durante a paralisação, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Álcool, Química e Farmacêuticas de São José do Rio Preto.
O presidente do sindicato, Almir Aparecido Fagundes, disse que a liminar concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) praticamente selou o fim da greve. "Com esta decisão, 90% dos trabalhadores deverão retornar às atividades", disse. Segundo ele, a greve foi decidida após a Guarani se recusar em quatro mesas-redondas a cumprir o acordo coletivo dos trabalhadores, cuja data-base é 1º de maio.
Segundo o sindicalista, das 17 usinas de açúcar e álcool da regional do sindicato, apenas duas usinas, entre elas a Guarani, se recusaram a conceder o reajuste salarial de 7,86%, estabelecido no acordo coletivo, que reajustaria o piso de R$ 893,38 para R$ 963,60.
"Estamos lutando por apenas 0,86% de reajuste, uma vez que a usina já concordou em dar 7% de aumento salarial", afirmou. Fagundes disse que a categoria também luta por um aumento de R$ 17,00 no valor do tíquete-refeição, que é de R$ 183,00 e passaria para R$ 200,00.
"O problema é que a Guarani não quer acordo, ela sempre quer pagar menos, sempre foi assim. A maioria das usinas concedeu o reajuste até acima do estabelecido, como a usina Moema-Bunge, que faz parte do acordo, e reajustou os salários em 8,1% e tíquetes de R$ 283,00", disse Fagundes. "Vamos continuar na porta da usina Guarani", disse Fagundes.
As negociações agora serão acompanhadas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que além de conceder a liminar para que a usina voltasse a operar marcou a primeira audiência de conciliação entre as partes para o dia 23 de julho.
Em nota oficial, a usina Guarani confirmou a concessão da liminar, acrescentando a existência de uma multa de R$ 10 mil caso a ordem de retornar ao trabalho seja descumprida. A empresa acusa o sindicato de não seguir a lei ao deflagrar a greve.