A empresa indiana JBF Industries anunciou na quinta-feira (27), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, a construção da maior fábrica de produção de BioMEG, polímero plástico feito a partir do etanol de cana-de-açúcar, em Araraquara.
A Coca-Cola detém a patente da substância e absorverá toda a produção, que irá compor 30% do material de suas garrafas PET. Serão gerados mais de 1,6 mil empregos com investimentos de R$ 1 bilhão.
O setor sucroalcooleiro é que vê a novidade com mais entusiasmo, sendo essa uma oportunidade de vislumbrar novos negócios, já que o etanol não é a opção mais lucrativa atualmente.
XiemarZarazúa, presidente da Coca-Cola Brasil disse que a fábrica araraquarense produzirá até 500 mil toneladas do polímero anualmente.
"Isso cria mais mercado para a cana. É um passo da nossa companhia em busca de operações sustentáveis, economizando 85 mil barris de petróleo e diminuindo a emissão de 10 mil toneladas de gases nocivos por ano."
O presidente da JBF, CheeregArya, disse que houve grande debate em torno da viabilidade do projeto.
"Tivemos visão de futuro, olhando para além da economia. Desde 2006 desenvolvemos essa ideia, que é realidade hoje."
Oportunidades
Empresários do ramo sucroalcooleiro acompanharam entusiasmados a apresentação em São Paulo.
"Sempre procuramos agregar valor em nossa cadeia produtiva, principalmente no etanol. Essa fábrica vem de encontro ao que o setor procurava", diz Nelson Cury Filho, diretor das usinas Maringá e Santa Rita.
Ele diz que o interesse em fornecer etanol para a fábrica é muito alto.
"Queremos que seja implantada o mais rápido possível. O Estado de São Paulo é o maior produtor e temos que usar todos os incentivos e investimentos. Isso gerará mais empregos e investimentos, já que a demanda será maior e não podemos deixar de suprir o mercado que já temos."
PlantBottle
A Coca-Cola lançou a PlantBottle, garrafa com plástico ecológico em 2009, e desde então, eliminou quase 100 mil toneladas de emissão de dióxido de carbono, equivalente a 200 mil barris de petróleo.
"Até 2015 queremos que todas as garrafas dos produtos Coca-Cola do Brasil usem essa tecnologia. E, depois, seguir para escala global", concluiu, em entrevista na quinta-feira (27), Ronald Lewis, vice-presidente mundial de compras da Coca-Cola.
Oportunidade é ímpar para o setor de usinas
"Eu vejo essa como uma oportunidade ímpar para fomentar o setor bioenergético, que é tão necessário", diz Marcelo Anhesine, coordenador do curso de Engenharia Bioenergética da Uniara.
"As usinas hoje focam seus investimentos em açúcar, pois o etanol deixou de ser lucrativo", comenta.
Em sua opinião, se vem um investimento como esse, criando uma fábrica que trabalhará exclusivamente com isso, haverá uma alavancagem excepcional.
"Temos muitos trabalhos em bioenergia, soluções sustentáveis feitas em laboratórios e universidades que precisam ser ampliadas e sair da `fase piloto´", comenta.
E essas são iniciativas que se fazem em outros países, como, nesse caso, a Índia. "Precisamos tirar esse atraso", conclui.