O balanço do segundo trimestre da safra 2012/13 das três empresas de capital aberto que operam em cana-de-açúcar foi mais positivo. A produtividade do canavial melhorou para todas, assim como o volume de cana processado. Somou-se a isso o fato de que algumas delas conseguiram manter preços mais atrativos para o açúcar, garantindo dessa forma lucro operacional maior e margens mais robustas no período.
O grupo São Martinho, um dos principais sucroalcooleiros do país, registrou lucro líquido de R$ 50,5 milhões entre julho e setembro, um aumento de 3,8% ante o mesmo intervalo de 2011. Com previsão de moer 12 milhões de toneladas de cana-de-açúcar neste ciclo, a empresa teve um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 236,3 milhões, 44,9% maior na mesma base de comparação. A margem Ebitda avançou 2,3 pontos percentuais, para 43,2%.
Além de ter conseguido exportar açúcar remanescente dos três meses anteriores, quando o mau tempo afetou os embarques nos portos, o São Martinho obteve uma invejável precificação para seu açúcar. O grupo fixou, via operações de hedge, o preço de 85% de sua produção de açúcar da atual safra ao valor de 24,90 centavos de dólar por libra-peso a um dólar médio de R$ 1,95. Nos últimos dias, as cotações da commodity na bolsa de Nova York oscilaram entre 18 e 19 centavos de dólar por libra-peso.
A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, também registrou um melhor desempenho em seu negócio de açúcar, etanol e eletricidade (Raízen Energia) no segundo trimestre.
A quantidade Açúcar Total Recuperável (ATR), um indicador de qualidade da cana, subiu para 147 quilos por tonelada, de 143 quilos no mesmo período do ano passado – no entanto, o ATR médio observado desde o início da temporada é de apenas 132 quilos, 2,4% inferior ao obtido entre julho e setembro de 2011. Com isso, a Raízen Energia, que processou 3,6% mais cana no segundo trimestre, registrou um Ebitda 2,5% maior, de R$ 854,5 milhões, e uma margem operacional (Ebitda) 6,7 pontos percentuais maior, de 38%.
Ao longo dos dois últimos trimestres, no entanto, a queda das cotações internacionais do açúcar fez cair o valor médio das operações de hedge realizadas pela Raízen. Em 31 de março, a companhia havia travado 40% de suas exportações de açúcar (1,16 milhão de toneladas) ao preço médio de 24,50 centavos de dólar por libra-peso e um dólar médio de R$ 1,90. Em 30 de setembro, ao fim do segundo trimestre, 85% das exportações (2,61 milhões de toneladas) já estavam fixadas em bolsa, mas a um valor médio menor, de 22,61 centavos de dólar por libra-peso, embora o valor médio do câmbio tenha subido para R$ 1,95.
Já a Guarani, controlada da Tereos Internacional, melhorou seu desempenho no segundo trimestre, mas obteve uma precificação de açúcar inferior à de suas concorrentes. Isso se deve, em parte, ao fato de possuir menos cana própria do que Raízen e São Martinho. A política de risco da empresa restringe as operações de hedge ao volume de açúcar equivalente à disponibilidade de cana própria.
Com isso, até 30 de setembro, a empresa detinha 202,7 mil toneladas de açúcar bruto fixadas em bolsa ao valor médio de 19,4 centavos de dólar por libra-peso, ao dólar médio de R$ 1,93. Para o próximo ciclo, a empresa conseguiu melhorar a precificação média para 21,6 centavos, que se estende a 205,7 mil toneladas da commodity, ao câmbio de R$ 2,16.
No entanto, a melhor produtividade do canavial no trimestre e o crescimento dos volumes vendidos de açúcar ajudaram a elevar a rentabilidade da Guarani. O Ebitda cresceu 52,4%, para R$ 176 milhões, e a margem avançou para 32,4%, ante os 23% obtidos em igual trimestre da safra 2011/12.