O preço do litro do álcool ficará entre R$ 0,07 e R$ 0,10 mais caro na região até o fim desta semana. Os donos dos postos estão repassando os reajustes das distribuidoras, que já pagam, em média, R$ 0,10 a mais para as usinas de cana-de-açúcar.
Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), as usinas elevaram o preço do litro do etanolhidratado, entre o dia 1º e 16, sexta-feira, de R$ 1,01 para R$ 1,11, alta de 9%, que com a carga tributária sobe para R$ 1,31 às distribuidoras, contra R$ 1,21 do no início do mês.
O valor de sexta-feira, conforme o Cepea, é o maior desde 18 de maio, quando as distribuidoras pagavam, em média, R$ 1,35 por litro do biocombustível com impostos.
"Os reajustes do etanol no Estado de São Paulo foram motivados tanto pela redução da oferta nesta reta final da colheita no Centro-Sul quanto pela maior demanda nas vésperas deste grande feriado. Na via da oferta, além de algumas usinas paulistas já estarem encerrando a moagem, as chuvas em algumas praças também a interromperam pontualmente", analisou, por nota, o Cepea.
Com o encarecimento previsto para esta semana, o consumidor da região pagará, em média, R$ 1,82 pelo etanol.
Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), até sábado, a média do preço na bomba era de R$ 1,73. A gasolina não ficará ilesa neste cenário. Como ela também recebe etanol, mas o anidro, seu preço subirá, em média, R$ 0,02, para R$ 2,62, garantiu o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABCDMRR), Wagner de Souza.
"Entre 20% e 30% dos postos já repassaram. Os demais seguraram os preços por causa do feriado, época em que as vendas caem. A partir de amanhã (hoje), a maioria vai reajustar." Rafael Campanella é proprietário de um posto com bandeira Ipiranga em Santo André.
Ele já repassou o reajuste da cadeia. "Meu preço aumento de R$ 1,69 para R$ 1,79", afirmou. O empresário acredita que o interesse pelo etanol vai diminuir. Atualmente a demanda é maior para a gasolina, mesmo que o preço do produto esteja muito superior ao concorrente.
Souza destaca que a cada 1.000 litros vendidos em um posto, 700 são gasolina e o restante, álcool. O frentista Cosme Rodrigues de Alencar confirma essa proporção – ele trabalhou em três postos nos últimos três anos e viu grande parte dos clientes com veículo flex buscar gasolina.
Calculadora
Considerando a diferença de eficiência dos combustíveis, em que o biocombustível gera 70% da energia do derivado de petróleo, o etanol passará, em média, de R$ 0,10 mais barato para R$ 0,01. Caberá ao motorista avaliar qual produto é mais interessante ao seu veículo, se esse for flex.
Para comparar o preço equivalente do álcool e da gasolina, basta multiplicar o valor do derivado de petróleo por 0,70. Se o resultado for menor do que o valor do etanol, a gasolina vale a pena.
A conta é baseada no potencial calorífico de cada produto. O engenheiro mecânico de Santo André Jorge Luiz Valentim prefere o álcool. "Comprei meu carro há poucos meses, abasteci duas vezes com gasolina, e depois só usei o etanol", revelou.
Para ele, vale a pena utilizar o biocombustível tendo em vista que o consumo do produto contribui para a economia brasileira, potência na produção do etanol.
Já o engenheiro de produto de Santo André Fábio Sutto e o empresário George Luiz dos Santos, de São Bernardo, preferem a gasolina, mesmo que esteja um pouco mais cara do que o álcool.