O estudo coordenado pela UFMG faz parte do projeto Pró-etanol 2G, ou segunda geração, que prevê o uso de resíduos da indústria agrícola para produção de etanol. Indústrias do setor sucroalcooleiro se preparam para participar dos estudos em busca de resultados. Devido à combinação de custos baixos e produtividade alta, o modelo é visto pelo empresariado como o equivalente ao pré-sal para a cadeia dos combustíveis renováveis. Tanto é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já disponibilizou linha de crédito para financiar até R$ 3 bilhões em projetos voltados para desenvolver o novo etanol.
Apesar de parte da indústria já prever o início das vendas do produto em 2014, dois pontos são considerados primordiais para acelerar o processo: reduzir o custo das enzimas empregadas no processo de produção e conseguir fermentar os açúcares de cinco carbonos (principalmente a xilose). O primeiro desafio praticamente já foi superado por entidades fluminenses e paulistas, quebrando assim a exclusividade de um grupo mundial. Quanto ao segundo, a UFMG e a UFRR são as mais avançadas para superar as barreiras.
Recuperação
Nos moldes atuais, a cada tonelada de cana moída são gerados de 85l a 90l de etanol. Com a nova tecnologia, espera-se produzir até três vezes mais. A explicação é que o caldo da cana detém um terço da energia, enquanto o restante está dividido entre a palha e o bagaço. O secretário executivo interino do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, vê o modelo como uma das alternativas para recuperação do setor. No entanto, afirma que ainda há obstáculos para se chegar a um processo viável. "O projeto possibilita um boom da produção e a possibilidade de atender um mercado crescente", afirma, ressaltando que, além do tempo para o desenvolvimento de tecnologia, é necessário levar em conta o período para implantação na indústria.