O rio-pretense está pagando mais caro para abastecer o veículo. Depois da alta média de 6% na gasolina, agora é o etanol que sofreu aumento de 9,2% nas bombas. O litro do álcool chega a R$ 2 em grande parte de postos de combustíveis da cidade.
Em 23 de janeiro, o litro do desse combustível era vendido a R$ 1,83 em um posto que fica na avenida Bady Bassitt. Ontem, o preço era de R$ 1,999, ou seja, R$ 2. Os valores são de levantamentos semanais feitos pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
O BOM DIA tentou falar com o gerente do posto, mas a informação é que ele não estava."Esse valor é absurdo", diz o mecânico Erisvaldo Rodrigues da Silva, 29 anos. Ele abasteceu o carro ontem em um posto no final da avenida Philadelpho e pagou R$ 1,999 pelo litro do etanol.
"Sei que deveria pesquisar os preços antes, mas não tenho esse hábito", afirma. O carro de Erisvaldo é a álcool e ele tem de abastecer com esse combustível independente de ser ou não vantajoso.
Produção/ O mecânico diz não entender a razão para o combustível ser "tão caro". "A nossa região é uma das maiores produtoras de cana-de-açúcar e mesmo assim fica caro para nós", desabafa o mecânico.
A região de Rio Preto se classificou em primeiro lugar no ranking das 15 regiões paulistas com a produção de pelo menos 57,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar . Os dados são do IEA (Instituto de Economia Agrícola) e referem-se a produção de 2011.
A discussão é antiga e difícil de entender. O etanol fabricado na região tem de ir até Paulínea, onde se concentram as distribuidoras, e depois voltar para Rio Preto e essa seria a razão para os preços altos.
Vale a pena/ Quem decide pesquisar pode economizar até R$ 10 na hora de encher o tanque de 50 litros. É que no posto mais barato, o etanol era vendido ontem a R$ 1,790 o litro. Quem enche o tanque quatro vezes em um mês consegue economizar R$ 600 em um ano.
Razões/ A Unica (entidade representativa das principais unidades produtoras de açúcar, etanol) informou, por meio de sua assessoria, que o aumento no consumo e o fato de o etanol produzido no centro/sul ter atendido as regiões norte e nordeste são as principais causas que provocaram o aumento de preços da usina para a distribuidora.
Consumo maior fez valor ser reajustado em 11,26% neste ano, no estado
Desde o início do ano, o etanol já valorizou 11,26% na venda das usinas para as distribuidoras, conforme levantamento do Cepea/Esalq-USP (Centro de Estudos Avançado em Economia Aplicada).
"O que percebemos é que com o aumento do preço da gasolina houve um competitividade maior entre o combustível fóssil e o álcool. Houve maior consumo do etanol e estamos na entressafra. Isso tudo fez o preço subir", diz a pesquisadora do Cepea Evelise Resera.
Conforme dados da Unica, apesar do aumento de 8,36% na moagem de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, houve destinação menor para a produção de etanol em comparação com açúcar.
No estado, a quantidade de cana destinada a produção de etanol (álcool hidratado) caiu de 47,23% na safra 2011/12 para 45,29% na 2012/13.
Entre os etanóis, por sua vez, houve maior alocação para o anidro (o que é misturado na gasolina) em detrimento do hidratado. Assim, a produção paulista de hidratado até o final de janeiro foi de 6,153 bilhões de litros, 10% menor que a do mesmo período da temporada anterior. "Teoricamente os preços deveriam cair a partir de abril quando começa a nova safra, mas vai depender das escolhas feitas pelas usinas", diz Evelise.
Cana e derivados
Um dos fatores que provoca a oscilação de preços é que a partir da cana o usineiro tem a possibilidade de produzir pelo menos três produtos – o açúcar, o etanol hidratado (que vai no carro) e o etanol anidro (que é misturado na gasolina). Conforma a conveniência econômica do momento, o usineiro da preferência para produzir em maior escala um destes produtos.
6,153
bilhões de litros foi a produção paulista de etanol hidratado na safra 2012/2013.
Exportações do produto aumentaram 84%
Segundo dados da Unica, houve expressivo aumento de 84% das exportações de etanol (anidro e também hidratado) da região Centro-Sul do Brasil de abril/12 a janeiro/13 frente ao mesmo período da safra anterior.