Demissão preocupa setor sucroalcooleiro

Diante dos problemas enfrentados pelo mercado sucroalcooleiro e da necessidade de buscar soluções para o setor, Rio Preto recebeu ontem o Seminário de Negociação do Álcool/Etanol do Estado de São Paulo, que reuniu sindicatos de todo o Estado. A discussão focou principalmente na questão das demissões dos trabalhadores e do fechamento de usinas sucroenergéticas por todo o País. Na região de Rio Preto, foram quase 1,5 mil empregos diretos encerrados nos últimos anos com o fechamento de apenas duas empresas: a CBAA, em Icém, e a Agroindustrial Oeste Paulista, de Monte Aprazível. 

Quando se analisa a situação estadual, a preocupação aumenta. Os números em São Paulo representam mais da metade de todo o País. De acordo com dados de dezembro de 2013 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, no Brasil, 45.683 trabalhadores do setor foram demitidos, sendo 23.531 apenas no Estado de São Paulo, o que corresponde a 51,5% do total. 

De acordo com Sérgio Luiz Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar), são essencialmente dois fatores que contribuem para a situação atual do setor. "Primeiro temos a falta de uma política econômica de incentivo por parte do governo. Em segundo lugar, o mercado atualmente passa por uma reorganização onde empresas de maior porte estão engolindo as menores, que são obrigadas a fechar as portas ou a se vender para grandes conglomerados." 

Outra questão problemática para o setor é a inexperiência de alguns empresários, afirma Almir Fagundes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Fabricação de Álcool Químicas e Farmacêuticas de Rio Preto e Região (Sindalquim). "A causa do fim de 70% a 80% das empresas é a má administração. Não é raro vermos proprietários se empolgarem com o negócio e saírem comprando novas usinas até que não conseguem mais lidar com o empreendimento e precisam fechar ou vender". 

Uma prova desta mudança está no levantamento da trajetória de concentração da indústria sucroalcooleira no Estado de São Paulo feita pelo economista Daniel Ferrer de Almeida, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Micro, pequenas e médias empresas apresentaram variação negativa em quase todos os anos pesquisados, que foi de 2006 a 2012. Micro e médias empresas atingiram seus menores níveis de participação no mercado em 2012, com 20,7% e 24,9%, respectivamente. Enquanto isso, grandes empresas, com 500 ou mais empregados, apresentaram crescimento constante, atingindo 41,9% da participação de mercado em 2012 e com a concentração de 89,3% dos empregos. 

Segundo o economista, os dados analisados apontam para um cenário em que as posições estão invertidas. "Estamos diante de uma situação que não está se mostrando favorável, já que a produtividade continua crescente, mesmo com demissões e empresas fechando". A solução para tentar reverter a situação atual é a criação de uma política governamental emergencial que ajude no desenvolvimento de novos resultados para o setor, afirma Fagundes. "Não sei o porquê, mas no governo da presidente Dilma Roussef, o setor sucroalcooleiro foi deixado de lado, tivemos poucos resultados e pouco investimento". 

Campanha tem início 

O encontro realizado na manhã de ontem também serviu para dar início às discussões sobre a campanha salarial 2014/2015 dos 40 mil trabalhadores representados pelos sindicatos presentes. Além disso, entraram em discussão a redução da jornada de trabalho, o aumento da participação nos lucros e resultados (PLR) e o ticket alimentação. 

"Ainda não temos um valor definido, mas a expectativa é a de cobrir a inflação e ainda conseguir aproximadamente 5% de aumento real. Além disso, queremos a redução da jornada de trabalho de 220 mensais para 200 horas mensais e o pagamento de 100% do adicional de hora-extra, que hoje é de 80%", afirma Almir Fagundes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Fabricação de Álcool Químicas e Farmacêuticas de Rio Preto e Região (Sindalquim). Atualmente, o piso salarial do trabalhador do setor sucroalcooleiro é de R$ 1.040,69 e a PLR varia entre R$ 810 e R$ 1.512. 
 
 
 
 

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