A dívida líquida bancária das usinas e destilarias chega a R$ 40 bilhões, de acordo com projeções do Itaú BBA divulgadas ontem (17/04) pelo diretor comercial da instituição financeira responsável pelo setor sucroalcooleiro, Alexandre Figliolino, na reunião anual da Canaplan, em Ribeirão Preto. Segundo ele, o crescimento no endividamento do setor foi verificado a partir de 2007, quando as usinas passaram a fazer dívidas para reforçar o capital de giro.
Até 2007, a geração de caixa era suficiente para dar conta do capital de giro da empresa. Mas, a partir de então, endivida-se para pagar prejuízo, disse o executivo.
No evento, Figliolino apresentou levantamento do Itaú BBA com 30 grupos sucroalcooleiros que, juntos, moeram 212 milhões de toneladas de cana no ano-safra 2007/2008, ou seja, cerca da metade do processamento da época. Juntas, as companhias faturaram R$ 14,2 bilhões, mas tinham dívidas de R$ 17,5 bilhões.
Desse total, 36% é de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento de Econômico e Social (BNDES), 19,5% de Pré-Pagamento de Exportações (PPE), 9% de longo prazo e os 35,5% restantes de curto prazo. No entanto, parte dessas dívidas de curto prazo é paga após a liberação de recursos advindos de empréstimos do BNDES, disse o diretor.
Figliolino, porém, considerou preocupante a proporção entre a dívida e tonelada de cana processadas pelas unidades avaliadas pelo banco, que chegou a R$ 76,1 por tonelada no fim de 2007/2008, 93% superior aos R$ 39,4 por tonelada da safra anterior.
Na safra 2008/2009 a estimativa é que essa proporção entre dívida líquida e moagem chegue a R$ 85 por tonelada, o que é muito alto. A relação dessa dívida sobre o Ebtida (lucro, antes de juros, investimentos, depreciações e amortizações) chega a 7,2 vezes em média, enquanto o saudável seria de duas vezes.
O levantamento com os 30 grupos aponta ainda que a dívida bancária dessas empresas cresceu 70% de 2005 para 2006, 112% de 2006 para 2007 e 32% em 2008, enquanto a moagem aumentou em média 20% nas três safras. No entanto, os dados apontam que não há uma relação entre o tamanho da empresa com o tamanho da dívida e ainda que há muitas companhias altamente endividadas e outras sem problemas, diz o diretor comercial do Itaú BBA.