Clima atrapalha a safra da cana neste ano

“Em função das chuvas atípicas de inverno neste ano, houve perda de dias de moagem e queda na eficiência industrial, conseqüente atraso na safra e menor quantidade produzida em relação à previsão.” A informação é do presidente da Associação de Produtores de Açúcar, Álcool e Energia (Biocana), Luciano Sanches Fernandes. Foi registrada uma redução do ritmo de moagem regional, mas os efeitos foram maiores no Mato Grosso do Sul e Paraná, bem como nas regiões de Assis, Jaú e Piracicaba, no Estado de São Paulo. De acordo com levantamento divulgado pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), chuvas no decorrer de julho passado reduziram não só o aproveitamento do tempo disponível para moagem da cana na região Centro-Sul, como também o acúmulo do teor de açúcar na cana colhida.

Os números efetivos de moagem até o final do mês de julho indicam uma moagem acumulada, desde o início da safra 2009/10, de 246,66 milhões de toneladas, 14,96% superior ao acumulado no mesmo período na safra anterior. Mas a moagem na segunda quinzena de julho foi 5,98% inferior ao volume esmagado mesma quinzena na safra passada, atingindo 35,9 milhões de toneladas. Essa redução na moagem da quinzena seria conseqüência da redução no aproveitamento de tempo em julho em função das chuvas. O aproveitamento em julho último foi de 81,03%, muito abaixo da média histórica ocorrida nesse mesmo mês em anos anteriores e do aproveitamento registrado em julho de 2008, de 91,93%. Os percentuais correspondem a 2,5 dias perdidos em 2008 contra aproximadamente 6 em julho último. Outro agravante, segundo Fernandes, foi o aumento do nível de impurezas minerais e vegetais na matéria-prima (cana), principalmente pelo sistema de limpeza da colhedeira ser a ar.

O excesso de umidade diminui sua eficiência, impactando inclusive a redução da produção de energia elétrica por meio da cogeração. “Perdemos vários dias de corte e outro ponto que agrava o problema é a proibição de queimada durante o dia neste período pois, em dias de umidade muito alta, à noite a queima noturna necessária para o corte manual não ocorreu de forma adequada”, disse. No dia seguinte, explica ele, as pessoas que trabalham no corte não conseguem produzir normalmente. Desta forma, houve diminuição de matéria-prima para moagem e isto poderá fazer com que alguns canaviais fiquem em pé ou sem ser processados no Estado, como na safra passada. As chuvas, por enquanto, não devem afetar a previsão inicial de produção dos associados da Biocana, estimada em 48,9 milhões de toneladas de cana, 7,38% maior que na safra passada, com produção de 1,9 bilhão de litros de álcool e 3,6 milhões de toneladas de açúcar.

Fonte: Diário da Região, em 16/08/2009

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