Gasolina com menos álcool começa a chegar

A redução do percentual de adição de etanol anidro combustível à gasolina, de 25% para 20%, desde segunda-feira, deve refletir sobre o preço da gasolina nos postos de Rio Preto assim que acabarem os estoques. Os estabelecimentos começam a receber o combustível, já com o preço reajustado pelas distribuidoras, a partir de hoje, prevê o presidente do Sindicato dos Postos Revendedores de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sincopetro), Roberto Uehara. “Daqui uma semana vai dar sentir como o mercado vai se acomodar”, disse.

Ontem pela manhã, o Diário fez um levantamento entre 29 postos de combustíveis de diferentes regiões de Rio Preto. O preço da gasolina ainda não havia mudado em relação ao mais alto praticado em 31 de janeiro (R$ 2,599). Ontem, o preço mais praticado era de R$ 2,599. O mais alto, praticado em apenas um posto, foi R$ 2,619.

A redução da mistura vai vigorar pelo prazo de 90 dias. O objetivo é garantir o abastecimento do etanol e segurar a alta dos preços. Com a redução, é disponibilizado mais álcool para o mercado. Entre os postos pesquisados ontem, o preço mais praticado para o litro do etanol era R$ 1,799. O valor mais alto encontrado foi R$ 1,899 e o mais baixo, R$ 1,699.

Desde o ano passado, o etanol deixou de ser competitivo em relação à gasolina para carros bicombustíveis em vários Estados brasileiros. O preço do álcool só é competitivo nestes casos se representar até 70% do valor da gasolina. Em Rio Preto, o preço mais praticado do álcool, R$ 1,799, ainda estava competitivo em relação ao preço mais praticado da gasolina, R$ 2,599 (para esse preço da gasolina, o álcool é mais vantajoso até R$ 1,819).

Migração

Segundo Uehara, desde que perdeu a competitividade, o etanol também perdeu consumidores. Ele estima que, desde dezembro, houve uma queda de 30% no volume de álcool vendido em Rio Preto. “A migração ocorre quando o preço do etanol aumenta porque, com gasolina, há mais rendimento.” Estimativa aponta que sejam consumidos cerca de 25 milhões de litros de combustíveis em Rio Preto por mês, incluindo gasolina, etanol e óleo diesel. Desse total, 45% são de etanol, 35% de diesel e 20% de gasolina.

O último levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que compreendeu a semana de 24 a 30 de janeiro, mostra que o preço médio do etanol naquele período era de R$ 1,804. O mínimo encontrado foi R$ 1,729 e o máximo, R$ 1,959. O preço médio da gasolina, para o mesmo período, foi de R$ 2,516. O mínimo ficou em R$ 2,409 e o máximo em R$ 2,599.

Atacado

Boletim divulgado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicou que, após sete semanas em alta, o preço do etanol hidratado recuou no mercado paulista. O Indicador Cepea/Esalq para o etanol hidratado combustível foi de R$ 1,1934/litro (sem impostos) na semana passada, queda de 1% sobre o do período anterior.
O comportamento do etanol anidro ainda foi de alta, porém com menor força que nas semanas anteriores. O Indicador semanal Cepea/Esalq foi de R$ 1,3251/litro (sem impostos), alta de 1,02% sobre o anterior.

Preço deve subir até R$ 0,04

A gasolina pode aumentar nos próximos dias em até R$ 0,04 por litro por conta da redução do etanol em sua mistura. O alerta veio da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que destacou que este aumento pode ser ainda maior, caso a Petrobras repasse adiante, na cadeia dos combustíveis, os aumentos de custo que vai ter para substituir o etanol por gasolina.

Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, isso deve acontecer porque a estatal está em período de manutenção de sua Refinaria de Paulínia, o que provocou uma redução da produção de gasolina na unidade, a maior do país. Para remanejar a logística de distribuição de gasolina, a estatal teria comunicado à Agência Nacional do Petróleo (ANP) sua intenção de repassar os custos adicionais com fretes que terá para abastecer o mercado. “A paralisação da Refinaria não traz qualquer risco de abastecimento, mas consideramos sim um repasse deste custo”, disse Miranda.

De acordo com a Fecombustíveis, postos em todo o país estão sendo comunicados por suas distribuidoras de que novas elevações nos preços da gasolina devem ocorrer nos próximos dias, por conta da redução do porcentual de etanol anidro na gasolina A, de 25% para 20%, que vigora desde segunda-feira.

Governo isentará importação

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve mesmo aprovar a redução da alíquota de importação do etanol de 20% para zero, na próxima semana, por um período de seis meses, inicialmente. A informação é do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, que explicou que a redução viria com a inclusão do etanol na lista de exceções.

Segundo ele, essa redução temporária pode ser prorrogada e a intenção é torná-la uma medida definitiva. No entanto, para que isso ocorra, será preciso a concordância de todos os parceiros do Mercosul e a Argentina deve ser um dos obstáculos. Ao zerar a alíquota de importação do etanol, o Brasil quer, principalmente, pressionar os Estados Unidos a também retirar a tributação imposta hoje sobre o álcool importado do Brasil. A medida, portanto, tem muito mais um caráter comercial do que de abastecimento do mercado. Até porque, destaca Porto, em termos de preço, hoje não compensaria ao Brasil importar o etanol.

A Camex tem reunião marcada para a próxima terça-feira, quando o assunto será debatido e, provavelmente, aprovado. Há consenso dentro do governo sobre a validade da medida, que é uma reivindicação da indústria de cana-de-açúcar, que deseja ter um argumento para o governo americano derrubar as barreiras atuais contra o etanol brasileiro.

Cosan opera em Rio Preto

A Cosan, um dos maiores grupos do setor sucroenergético brasileiro, está atuando no mercado rio-pretense de combustíveis desde que comprou a rede de combustíveis Petrosul. A operação foi confirmada em 14 de dezembro do ano passado. Foram comprados 83 postos no interior do Estado de São Paulo, dois deles em Rio Preto, de acordo com a assessoria de imprensa do grupo.

O valor das negociações não foi divulgado pela empresa. Em abril de 2008, a Cosan comprou a Esso do Brasil, por isso seus postos passaram a operar com a bandeira Esso. A última estratégia de expansão da Cosan foi anunciada na segunda-feira. O grupo assinou um Memorando de Entendimento não vinculante para criar uma joint venture no com a Shell de US$ 12 bilhões no Brasil para a produção de etanol, açúcar e energia, e suprimento, distribuição e venda de combustíveis.

As companhias participarão na joint venture com alguns de seus ativos brasileiros. Adicionalmente, a Shell fará um aporte financeiro de US$ 1,625 bilhão, ao longo de dois anos. A joint venture vai permitir que as duas empresas se posicionem em condições mais sólidas para crescimento e rentabilidade na área de biocombustíveis sustentáveis, consolidando uma posição de liderança de mercado no país de maior eficiência mundial na produção de etanol.

Fonte: Diário da Região, em 03/02/2010

Deixe um comentário