O reajuste do preço dos alimentos e álcool combustível pressionou o custo de vida do rio-pretense que teve alta no primeiro mês de 2010. Com isso, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor de Rio Preto (IPC-RP) fechou em 0,83%, o maior índice desde julho do ano passado. Nos últimos 12 meses, a inflação acumula 3,11%.
A expectativa dos especialistas é que os números recuem em fevereiro, já que os reflexos das liquidações de verão deverão ser sentidos no bolso pelo consumidor e também pela queda do consumo. No entanto, a previsão é de que feche 2010 próximo dos 5%, contra um acumulado de 3,12% no ano passado.
Para o economista Hipólito Martins Filho, a inflação maior em janeiro pode ser atribuída a um conjunto de fatores como o excesso de chuvas, que encareceu principalmente os alimentos, a alta do dólar, que aumentou o custo das importações, o crescimento da renda real e líquida da população e aumento do nível de emprego e facilidades de crédito, que geram aumento no consumo. “Com a demanda alta, os preços sobem”, afirma.
A economista Emília de Toledo Leme, assistente da Secretaria Municipal de Planejamento, afirmou que alta da inflação já era esperada porque janeiro é um mês que concentra aumentos tradicionais de preços dos aluguéis, mensalidades escolares, IPTU, entre outros itens que têm impactos importantes na inflação. “Em fevereiro, a inflação deve ser menor”, disse.
Houve alta de 2,15% no preço no grupo dos alimentos, liderado pela aumento da batata (26,80%), pão francês (4,31%) e leite pasteurizado (4,15%). Esse é o grupo que tem maior participação na composição da inflação em Rio Preto (33,665) e sozinho, no mês passado, contribui com 0,71% da inflação.
A alta de 26,8% no preço do álcool também foi a principal responsável por um aumento de 0,81% no grupo do transporte, o que tem o terceiro maior peso na composição da inflação na cidade (17,32%). Houve aumento também de 0,60% no grupo da habitação, o segundo que mais influencia a formação do IPC-RP (26,12%).
Também houve alta de 0,41% no grupo das despesas pessoais (contribuição de 3,49% na inflação). O de saúde, que contribui com 6,04%, ficou estável. A inflação só não subiu mais em janeiro por causa da deflação em grupos como a educação (1,19%) que contribui com 8,02% na composição da inflação e do vestuário (2,65%), com 5,36%. O IPC-RP, divulgado ontem, é calculado pelas Faculdades Dom Pedro 2º e Secretaria Municipal de Planejamento, em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Terceira idade
A inflação pesou mais ainda no bolso dos rio-pretenses acima de 60 anos de idade e fechou janeiro com alta de 1,12%. Este foi o índice mais alto registado até agora desde que o indicador começou a ser acompanhado para essa camada da população em dezembro de 2007. Isso porque os alimentos, os principais responsáveis pela alta, têm um peso maior na composição da inflação (44,84%). “As famílias que têm idosos em sua composição têm gastos maiores, em função muitas vezes de uma alimentação especial”, disse Emília Leme.
Já o grupo da habitação, que também apresentou alta de 0,60%, tem um peso maior (28,22%), na composição da inflação para essa camada da população. Nos últimos 12 meses, o acumulado do IPC-RP para a terceira idade chegou a 3,10%.
IGP-M
Um aumento mais intenso de preços em produtos derivados da cana-de-açúcar impulsionou a inflação mensurada pela primeira prévia do IGP-M, de janeiro para fevereiro, de 0,27% para 0,98%, na mais intensa aceleração do indicador desde julho de 2008.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, estes produtos influenciaram fortemente o setor atacadista, cuja taxa de inflação também disparou no período (de 0,25% para 1,16%). “Os três setores, atacado, varejo e construção civil, impactaram a alta de preços na primeira prévia, mas o setor atacadista contribuiu mais na formação da taxa, por ter peso maior”, explicou o especialista.
Na lista das cinco elevações de preço mais expressivas no atacado, quatro são relacionadas à cana. É o caso de açúcar cristal (23,81%); álcool etílico anidro (15,53%); cana-de-açúcar (3,54%): e açúcar refinado (18,37%). O cenário da cana no atacado também influenciou o comportamento de combustíveis no varejo: e álcool combustível (de 2,18% para 9,36%) e gasolina (de 0,75% para 1,25%).
Fonte: Diário da Região, em 11/02/2010