O Plano Decenal de Energia PDE-2019, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado nesta terça-feira (04), indica que haverá uma explosão no consumo de álcool decorrente do aumento expressivo do número de veículos flexfuel do país. A expectativa é de um crescimento na produção de 132% em 2019, atingindo 64 bilhões de litros, em comparação com a atual produção de 27,5 bilhões de álcool produzidos no país.
O plano também prevê o leilão de 39 novas hidrelétricas para entrar em operação em até dez anos e nenhuma nova termo elétrica no período. A maior parte desses empreendimentos será localizada na região Norte.
Para dar conta de tanto crescimento , o setor de energia do país precisará de R$ 915 bilhões em investimentos nos próximos dez anos . Deste total, o setor de petróleo e gás deve demandar R$ 672 bilhões, ou 70,6% do total, prevê o mesmo estudo.l
Ainda neste ano, o governo pretende realizar o leilão de três hidrelétricas. No total, a expansão hidrelétrica vai gerar uma expansão da potência instalada de 35.245 megawatts.Deste total 21.847 megawatts já estão contratados em projetos com as usinas do Rio Madeira e Belo Monte.
O governo prevê ainda a contratação de 12.175 novos megawatts de novas termelétricas. Entretanto,o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, prevê que as novas térmicas só devem ser instaladas somente até 2013. Após este prazo, a idéia é ter um planejamento para incrementar apenas energias renováveis, como hidrelétricas e alternativas ao parque nacional.
O estudo da EPE prevê ainda o acréscimo de 14.155 megawatts de potência instalada, oriundas de fontes alternativas nos próximos dez anos. A energia eólica deve responder por 36% deste acréscimo, a biomassa por 37% e as pequenas centrais hidrelétricas por outros 27%.
Produção de etanol terá alta de 132% e procura por gasolina cairá 20% em dez anos
De acordo com a empresa, a frota atual de veículos leves conta com 24,84 milhões de automóveis, dos quais 37,2% de veículos flex, 55,6% movidos a gasolina e 5,9% exclusivamente a álcool. Em 2019, a empresa estima que a frota será de 39,71 milhões de automóveis, dos quais 77,9% serão flex, 20,9% movidos a gasolina e somente 1,2% a etanol. Com isso, a demanda total de álcool combustível no mercado interno subirá de 22,8 bilhões de litros consumidos em 2009 para 52,4 bilhões de litros em 2019.
A empresa prevê ainda uma queda de 20% no consumo da gasolina nos próximos 10 anos e também espera que o Brasil se torne autossuficiente em diesel, passando da posição atual em que importa 55 mil barris por dia do produto para uma situação de folga de 35 mil barris por dia em 2019.
Pesquisa da EPE prevê poucas alterações na matriz energétioca total do país para os próximos 10 anos, segundo o plano, que leva em conta não somente energia elétrica, mas também combustível. O percentual originado de petróleo e derivados que está em 35% deverá diminuir para 31% em 2019. Por outro lado, a participação de carvão mineral subirá dos atuais 5,5% para 7,4% em 2019. Já a participação dos derivados de cana de açúcar subirá de 20,3% para 21,5% no período. E o percentual de hidreléticas cairá dos atuais 14% para 12,7%.
– Com isso devemos manter a nossa atual relação de 48% de energia renovável no país e 52% de energia não renovável – assinalou Maurício Tolmasquim, presidente da EPE.
Outras fontes de energia
As demais fontes terão pequenas mudanças em suas participações. Lenha e carvão mineral passará dos atuais 10,8% para 9,9%. Urânio passará de 1,4% para 1,5%. Gás natural subirá de 9,8% para 12,2%. Outras energias renováveis passarão de 3,2% para 3,7%.
Tolmasquim assinalou que a queda no percentual de hidrelétricas na matriz energética brasileira se deve ao forte aumento de termelétricas esperados até 2013. Ele também assinalou que o aumento da energia proveniente de carvão mineral, considerado um combustível ecologicamente incorreto, será explicado pelo aumento da atividade siderúrgica do país.
Fonte: jornal O Globo, em 04/05/2010