Primeiro investimento com recursos da Petrobras, a compra da usina Mandú deve elevar já nesta safra a participação do etanol no mix de produção da Açúcar Guarani. Com capacidade de moagem de 3,5 milhões de toneladas, a Mandú destina 60% do seu caldo da cana para produção de etanol, que deve chegar a 175 milhões de litros. A Guarani previa neste ciclo moer 17,2 milhões de toneladas, porém, com o mix inverso, de 60% destinados ao açúcar e 40% paraetanol.
Mas com a Mandú vamos elevar esse percentual e ficar mais próximos do equilíbrio entre os dois produtos, disse Jacyr Costa Filho, presidente da Açúcar Guarani. Com a aquisição, a companhia elevará sua capacidade de moagem para 20,6 milhões de toneladas por ano.
Menos de um mês após o anúncio da parceria, a Petrobras injetou R$ 682 milhões, de um total de R$ 1,6 bilhão que serão aportados ao longo dos próximos cinco anos. Do total da primeira parcela, a Guarani desembolsou R$ 345 milhões para assumir o controle integral da Mandú, localizada no noroeste de São Paulo. A região é a mesma onde estão instaladas as outras seis unidades que a Guarani tem no Brasil. A ideia é que essa proximidade entre as unidades gere um ganho de sinergia importante para o grupo, com objetivo de redução de custos da operação.
Com a aquisição da Mandú, a Guarani assume também uma dívida de R$ 255,5 milhões. Segundo Costa Filho, ainda está sendo avaliada qual será a melhor solução para o destino desse passivo. Para o executivo, ele poderá ser parcialmente amortizado pelo grupo ou então alongado por um período maior.
O restante dos recursos aportados pela Petrobras não está carimbado para um projeto específico. Com todo esse investimento, a Guarani vai participar como consolidadora do setor, afirma Costa Filho.
Além do projeto de cogeração que irá triplicar a atual produção de energia da companhia – apenas a Mandú vai cogerar 12 MW de energia nesta safra -, a Guarani deve investir a partir deste ano, segundo Costa, para aumentar a capacidade de processamento de três usinas já existentes: a Tanabi, a recém-adquirida Usina Vertente e a São José. Vamos adicionar uma capacidade importante com esse projeto, disse.
A presença da Petrobras Biocombustíveis – que, ao fim de cinco anos, deterá 45,7% da Guarani -, é um dos motivos que justifica a maior atenção ao etanol. O plano da Guarani de ampliar o produto energia em seu portfólio tradicionalmente açucareiro também integra a estratégia de transferência de ativos da francesa Tereos para o país. A empresa definiu que a relação de troca será de uma ação da Guarani para uma da Tereos, mas a decisão passará por assembleia de acionistas.
Fonte: Valor Economico, em 02/06/2010