A falta de incentivos fiscais para a popularização do etanol, o potencial brasileiro para o desenvolvimento de biocombustíveis e as medidas necessárias para consolidar o uso de energias limpas no País foram alguns dos pontos debatidos na 4ª edição do Fórum Nordeste 2010, produzido pelo Grupo EQM, que aconteceu ontem no Arcádia Paço Alfândega.
Apesar de ter uma boa perspectiva no aumento da utilização de biocombustíveis, devido, principalmente, aos carros flex, à bioeletricidade e aos bioplásticos, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, percebe entraves a esse desenvolvimento por parte do governo federal, como a incerteza da política pública em não saber se apoia o pré-sal ou o etanol. Outro ponto reivindicado por ele é uma redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O ICMS cobrado em São Paulo sobre o etanol é de 12%, mas em outros Estados, como Pernambuco, ele aparece igual ao da gasolina, que é 25%, disse o presidente da Unica. Segundo Jank, a diferença limita as transações do produto àquela região, que consome 50% de todo o etanol gerado no Brasil.
A cana-de-açúcar é a segunda fonte de energia mais utilizada no País, ficando atrás apenas do petróleo. Os pernambucanos foram pioneiros na geração de energia a partir do bagaço da cana. Hoje, das 22 usinas do Estado, 14 já conseguem produzir, juntas, um material extra de 50 megawatts para abastecer a rede elétrica local, lembrou o presidente do Sindaçúcar/PE, Renato Cunha, que também participou do encontro. Mas o aproveitamento na região não segue uma tradição nacional.
Apenas 20% das indústrias do ramo no Brasil geram excedente energético. São acumulados 1.000 megawatts por ano, enquanto a capacidade é de 13.000 megawatts/ano.
Entre as soluções para adesão às energias renováveis defendidas no fórum estão o estímulo ao desenvolvimento tecnológico, a descentralização dos pontos de geração de energia e a eliminação gradual do emprego das fontes não renováveis.
O encontro reuniu cerca de 400 pessoas (entre especialistas e representantes de entidades do segmento) e levantou questões sobre ações do Ministério de Ciência e Tecnologia, via PAC da Ciência, em prol de biocombustíveis, o potencial de crescimento da bioeletricidade no setor sucroenergético e a revisão do novo Código Florestal Brasileiro.
Fonte: UDOP, em 16/06/2010