O grupo de trabalho que avalia incentivos para veículos com motor elétrico vai incluir em sua análise medidas para incentivar também a tecnologia e fabricação de carros com motor bicombustível, decidiram ontem os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. O incentivo aos carros elétricos seria anunciado em maio e foi suspenso, horas antes, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que exigiu novos estudos sobre o assunto.
Os integrantes do grupo de trabalho criado após a decisão de Lula deverão discutir as novas orientações dos ministros e apresentar, nos próximos dias, medidas que podem incluir redução de impostos. As propostas serão avaliadas conjuntamente pelos ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e de Minas e Energia. A partir disso será montada uma proposta de ações a ser submetida à aprovação do presidente Lula.
Ao apresentar as modificações na pauta de análise do grupo de trabalho do setor automotivo, Jorge argumentou ser necessário ao país não só ingressar na rota tecnológica dos carros com motor elétrico, mas também pesquisar maior eficiência para os veículos flex. O ministério se preocupa em sustentar a campanha do governo em defesa do uso do biocombustível, dependente do aumento da eficiência dos carros flexfuel, hoje adaptados dos antigos motores a gasolina ou a álcool.
Segundo Jorge, uma das orientações para os carros elétricos é aprimorar tecnologias para a carga, a fabricação de baterias e reduzir os custos totais. Não há muito o que aprender, isso já é uma realidade no mundo e não há razão para começarmos do zero. Ele disse ser preferível não incentivar a a importações desse tipo de veículo, já que se pretende desenvolver essa tecnologia no parque brasileiro.
A análise de medidas de benefícios para a linha de montagem dos veículos flex deverá, de acordo com Jorge, dar prioridade ao desenvolvimento de motores bicombustível com maior eficiência energética, menos poluentes e que proporcionem maior economia.
Jorge defende a criação de tecnologia específica para os motores flex e acredita que uma das condições para isso é a elaboração de uma espécie de selo verde a ser feito pelo Instituto Nacional de Metrologia e Normalização (Inmetro). O grupo de trabalho terá ainda a atribuição de sugerir medidas para o aperfeiçoamento da frota de veículos do transporte público.
Fonte: Valor Econômico, em 26/06/2010