Vendas do etanol seguem aquecidas; Unica divulga novo levantamento de safra

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil permaneceram aquecidas no início de junho, seguindo a tendência já observada em maio. Na primeira quinzena de junho, o volume de etanol comercializado totalizou 1,10 bilhões de litros, redução de apenas 1,14% em relação à quinzena anterior, que, no entanto, possuía um maior número de dias disponíveis para o consumo do produto. A informação é da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, que acaba de divulgar seu novo levantamento de safra.

Do total vendido pelas unidades do Centro-Sul na primeira quinzena de junho, 977,05 milhões de litros foram destinados ao mercado interno e 127,71 milhões de litros ao mercado externo. Apesar de as exportações permanecerem em patamares muito baixos, o resultado da primeira quinzena de junho representa um aumento de 23,91% comparado com a última quinzena de maio.

No mercado interno, as vendas de etanol hidratado pelas usinas do Centro-Sul na primeira quinzena do mês totalizaram 701,82 milhões de litros. Comparadas as vendas médias diárias do produto, notou-se crescimento de 3,22% na primeira metade deste mês: enquanto na última quinzena de maio as unidades comercializaram, em média, 45,32 milhões de litros de etanol hidratado para o mercado doméstico por dia, nos primeiros quinze dias de junho, este valor atingiu 46,78 milhões de litros.

De acordo com o Diretor Técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, “o que mais impressiona nesse cenário é que o consumo total de etanol em maio de 2010 foi superior ao volume consumido em 2009 em 3,70%, com um cenário de preços bastante distinto: em maio do ano passado o etanol era economicamente competitivo em relação à gasolina em 19 estados, enquanto que em 2010 esse número praticamente caiu pela metade, com o etanol competitivo em apenas nove estados”. Isso mostra como houve um enorme crescimento do potencial de demanda de etanol devido ao aumento da frota de veículos flex no País, acrescentou.

Moagem
O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 39,58 milhões de toneladas na primeira quinzena de junho, alta de 18,56% comparativamente ao mesmo período da safra anterior. Desde o início da safra 2010/2011, a moagem acumulada totalizou 173,66 milhões de toneladas, ante 144,26 milhões registradas em igual período do ano safra 2009/2010.

Este crescimento decorre da antecipação do início das atividades em um significativo contingente de unidades produtoras: as duas últimas unidades tradicionais, as quais, até então, não haviam iniciado suas operações na atual safra, o fizeram nesta quinzena. Adicionalmente, as condições climáticas permaneceram excepcionais para a colheita da cana nesse início de safra: o indicador de precipitação pluviométrica na região Centro-Sul em maio foi 53,95% inferior ao valor histórico para o mês, tendência que se manteve na primeira metade de julho.

Cabe destacar, contudo, que embora facilite a colheita, a escassez de chuvas deve prejudicar o desenvolvimento vegetativo de parte do canavial, podendo comprometer a produtividade agrícola da cana-de-açúcar a ser colhida no último terço desta safra.

Visando mensurar os efeitos deste clima seco sobre a quantidade de matéria-prima disponível para moagem ao final da atual safra, a UNICA, em parceria com as demais Associações e Sindicatos do Centro-Sul, está realizando um levantamento junto às unidades produtoras e deverá divulgar uma nova avaliação da safra 2010/2011 nos próximos meses.

Qualidade da matéria-prima

Outro reflexo do clima seco pode ser
notado no aumento do teor de açúcares na cana. Na primeira quinzena de junho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar atingiu 134,93 kg, contra 129,47 kg obtidos na mesma quinzena da safra 2009/2010.

No acumulado do início da safra até 15 de junho, a concentração do ATR foi superior em 2,28% no comparativo com o mesmo período de 2009, totalizando 124,85 kg de ATR por tonelada de cana.

Mix e produção de açúcar e de etanol

Do volume total de cana-de-açúcar processada até 15 de junho deste ano, 43,34% destinou-se à produção de açúcar, ante 40,77% registrados na safra anterior.

Na primeira quinzena de junho, a proporção de cana destinada à produção de açúcar foi de 45,14%. Já o percentual direcionado à produção de etanol alcançou 54,86% nesta quinzena, contra 57,33% para o mesmo período de 2009.

A produção de açúcar somou 2,30 milhões de toneladas nos primeiros 15 dias de junho, enquanto a produção de etanol atingiu 1,71 bilhões de litros no mesmo período, sendo 469,98 milhões de litros de etanol anidro e 1,24 bilhões de litros de etanol hidratado.

No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar alcançou 8,95 milhões de toneladas e a de etanol totalizou 7,19 bilhões de litros, com especial destaque para o aumento superior a 50% na produção de etanol anidro, que totalizou 1,76 bilhões de litros nesse ano contra 1,17 bilhões no ano anterior.

Para o Diretor da Unica, “a situação conjuntural do mercado de açúcar, que vem apresentando uma forte demanda física pelo produto, e os compromissos assumidos por boa parte das empresas fizeram com que a produção de açúcar fosse mais intensa nesse início de safra”. Contudo, acrescenta Rodrigues, mantidos o cenário atual de preços futuros para o etanol e para o açúcar, deveremos observar uma forte competição entre os dois produtos na segunda metade da safra, com uma provável alteração do mix de produção observado até o momento.

Fonte: UDOP, em 6/7/2010

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