A “Sustentabilidade Ambiental no Setor Sucroalcooleiro” foi o tema discutido ontem (28/02) no workshop realizado no auditório do Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado (Araçatuba), encontro que marcou o fim do ciclo de debates da 6ª edição da Feira de Negócios do Setor de Energia (Feicana-Feibio). A feira foi realizada entre terça-feira e quinta-feira dessa semana. Participaram como convidados ambientalistas pertencentes a três organizações não-governamentais (ONGs) Malu Ribeiro, representando a S.O.S Mata Atlântica; Fernando Veiga, da The Nature Conservancy (TNC); e o membro da WWF-Brasil, Luís Fernando Laranja. Em suas explanações, eles foram unânimes em afirmar que o setor sucroalcooleiro pode se desenvolver em harmonia com o meio ambiente. Após a abertura do evento, que teve ainda a participação do assessor de Meio Ambiente da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Márcio Nappo, e do diretor-executivo da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Antônio César Salibe, a primeira a discursar foi a representante da S.O.S Mata Atlântica.
Malu falou a respeito dos trabalhos desenvolvidos pela ONG em parceria com algumas instituições, inclusive usinas produtoras de álcool e açúcar, no sentido de reflorestar as mata ciliares das áreas cultivadas com cana-de-açúcar. De acordo com ela, a S.O.S Mata Atlântica já distribuiu mais de 2 milhões de mudas às usinas, porém, disse que isso não basta, pois o mais complicado no processo é a manutenção das áreas reflorestadas. “Por isso, agora estamos buscando patrocinadores para bancar o reflorestamento pelo período de cinco anos”, conta. Mesmo assim, revela que é muito difícil captar áreas. Ela afirmou que toda atividade econômica oferece risco, mas que o maior problema gerado pelas lavouras de cana atualmente é a poluição do ar, provocada pela queima da palha em período de colheita, o que se torna uma questão de saúde pública nos municípios das regiões que possuem essas plantações. “Isso mexe muito com a opinião pública”, comentou.
Outra questão importante, segundo Malu, diz respeito à responsabilidade social, pois as empresas do setor justificavam que não daria para mecanizar a colheita da cana devido o desemprego que geraria. Entretanto, disse que o setor está se esforçando e um exemplo disso é a capacitação de trabalhadores para operar máquinas na região, como está sendo feito pela Udop em parceria com o Sest/Senat. Ela comentou que os empresários também estão mudando de postura, deixando de poluir os rios com o despejo de restiro da cana nos córregos, que passou a ser jogado no solo, reduzindo impacto ambiental. Malu disse que, se houver um planejamento de bacia hidrográfica e a recuperação com reflorestamento das matas ciliares, ela não vê a cana como problema ambiental na região de Araçatuba na medida em que a queima da palha da cana for deixada de lado. Outro problema, que seria a substituição da produção de outros alimentos pela cana devido ao arrendamento das terras dos pequenos proprietários, é resolvido pelo próprio mercado, na opinião dela.
Fonte: Diário da Região, em 29/02/2008