Muda de cana rende US$ 200 mi à Syngenta

A Syngenta negocia uma carteira de US$ 200 milhões de possíveis acordos para a comercialização da tecnologia Plene de mudas de cana-de-açúcar com 18 grupos sucroalcooleiros do País, afirmou ontem Márcio Farah, gerente-geral do projeto desenvolvido pela multinacional, durante a divulgação do primeiro contrato de venda, assinado com a Usina Guaíra, em Ribeirão Preto (SP). Alegando cláusulas de confidencialidade, Farah não revelou quais são as empresas envolvidas na negociação.

A Syngenta revistou para cima ainda a perspectiva de gerar uma receita anual de R$ 300 milhões com a tecnologia, feita em 2008, época do lançamento da Plene, e informou que o faturamento deve saltar para US$ 650 milhões anuais até 2020, quando o sistema deverá estar consolidado no Brasil.

Para isso, além dos recursos destinados à pesquisa, a multinacional investiu R$ 60 milhões na construção de uma unidade de processamento e produção de mudas de cana-de-açúcar em Itápolis (SP), cujo início de operação está previsto para abril do ano que vem.

A tecnologia, desenvolvida no Brasil, consiste no tratamento e da comercialização de gemas de cana que possuem cerca de 4 centímetros cada, ao contrário das mudas tradicionais, normalmente plantadas quando atingem pelo menos 40 centímetros. As pequenas mudas são tratadas contra doenças e pragas e têm certificado de garantia de pureza obtido em das principais instituições de pesquisa em cana do País – o Instituto Agronômico (IAC) e a Ridesa.

Com as mudas menores, há uma série de reduções de custos para as usinas, como a utilização de apenas uma plantadeira de cana de pequeno porte, desenvolvida em parceria com a fabricante norte-americana de implementos agrícolas John Deere.

Cultivo

Outra redução de custos virá do uso da cana que está em áreas reservadas para a produção de mudas para a colheita e produção de açúcar e álcool. Só na usina, nós teremos entre 600 e 700 hectares de cana que são reservados para uso em mudas e que agora poderão ser processados, pois as mudas já virão da fábrica para o cultivo, disse Eduardo Junqueira, sócio-diretor da Usina Guaíra.

PARA ENTENDER

De acordo com a Syngenta, a tecnologia de mudas desenvolvida pela empresa tem capacidade de elevar a produtividade de uma lavoura em até 15 toneladas – atualmente, a produção média varia de 90 toneladas a 100 toneladas de cana por hectare -, além de reduzir custos de plantio em 15% frente às opções tradicionais, que variam de US$ 2.600 a US$ 2.800 por hectare. Segundo a empresa, a tecnologia Plene acarreta menor compactação no solo, pois dispensa o uso de grandes equipamentos, permitindo o plantio direto das mudas de cana em solos onde é feita a rotação de cultura com a soja.

Fonte: O Estado de S.Paulo, em 11/08/2010

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