Falta de segurança no trabalho, moradias impróprias, intermediários que importam os trabalhadores com falsas promessas e somem sem pagar os salários.
Esse cenário lembra o calvário dos boias frias da cana dos velhos tempos, mas, nesse texto, se refere à mão de obra da construção civil, cujo mercado está bem aquecido em Ribeirão Preto.
A presença de pedreiros e serventes do Nordeste é tradicional nos canteiros de obra, mas desde o ano passado o movimento migratório para atender à demanda do setor se intensificou, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Ribeirão e Região, Carlos Miranda.
Esse movimento veio acompanhado pelo aumento dos acidentes de trabalho e das irregularidades na contratação de funcionários.
A figura do intermediador de mão de obra nordestina, que ficou conhecida nos canaviais como gato, é uma das preocupações do setor, de acordo com Miranda.
O problema maior é que esse terceiro põe o pessoal para trabalhar e, depois, em vez de pagar, some e dá dor de cabeça para o sindicato e para as empresas.
Ele afirma que as grandes construtoras pouco sabem da origem desses trabalhadores subcontratados.
Nos últimos dois meses, o sindicato fez duas denúncias contra empreiteiras que contrataram pedreiros e serventes nordestinos para atuar em Ribeirão e deram calote.
Na semana passada, pedreiros de uma obra da Cohab-RP fizeram greve. Alegaram que foram contratados para trabalhar por R$ 2.000 por mês, mas estariam ganhando o piso da categoria (R$ 907 para pedreiro e R$ 770 para servente).
A falta de segurança é outra preocupação do Ministério Público do Trabalho. Neste ano, três operários morreram em obras na cidade.
Na próxima segunda-feira, representantes das empresas e dos trabalhadores do setor devem participar de uma audiência para reforçar as diretrizes de segurança nos canteiros de obras.
Essa audiência é preventiva. A partir daí vai haver um aumento na fiscalização, disse a procuradora Cinthia Passari Von Ammon.
O diretor regional do SindusCon-SP (sindicato da construção), José Batista Ferreira, diz que as construtoras oferecem treinamento aos funcionários e tentam evitar as subcontratações.
Fonte: Agência Estado, em 18/08/2010