O levantamento mostra que o volume de vendas de remédios deverá atingir 1,81 bilhão de unidades em 2010. O crescimento de dois dígitos tem sido verificado na indústria nos últimos cinco anos, já que os rendimentos do setor têm características mais inelásticas e resistem às crises.
O país tem um desempenho no mercado farmacêutico superior a dos países desenvolvidos, crescendo a taxas próximas de dois dígitos, perdendo apenas para China. Com a economia em expansão e o processo de envelhecimento da população este mercado torna-se ainda mais promissor, afirmou no estudo o analista setorial da Lafis, Bruno Sávio.
Para 2011 e 2012, a Lafis projeta um avanço no faturamento de 9,28%, para R$ 40,15 bilhões, e de 8,99%, para R$ 43,76 bilhões, respectivamente. Já as vendas de medicamentos deverão apresentar crescimento de 1,54% no ano que vem, para 1,84 bilhão, e de 1,01% em 2012, para 1,86 bilhão de unidades.
O mercado de genéricos deverá ser o pilar de crescimento do setor. Segundo destaca o levantamento, até 2012, 17 remédios – que hoje faturam cerca de R$ 750 milhões – terão suas patentes vencidas no país, o que dará mais espaço para as vendas de genéricos.
O potencial de avanço do segmento é forte, dado que hoje, a penetração dos genéricos no país é de apenas 19%. (O mercado de genéricos tem) potencial de atingir cerca de 50%, como já acontece em várias países desenvolvidos, ressalta o estudo.
Os riscos inerentes aos negócios, por outro lado, se concentram dos consecutivos déficits que o setor apresenta, diante da dependência das importações de matérias-primas.
No ano passado, as exportações atingiram US$ 1,07 bilhão, enquanto as importações somaram US$ 4,47 bilhões, o que gerou um déficit de US$ 3,4 bilhões – alta de 2,4% ante 2008.
O câmbio é um fator agravante desse risco, que pode prejudicar a atividade das empresas farmacêuticas. A volatilidade cambial, em um setor onde os insumos importados (fármacos) respondem por cerca de 80% da composição de um medicamento, pode prejudicar o cronograma de atividades das empresas, constatou o estudo.
Nos seis primeiros meses deste ano, as exportações no ramo de medicamentos acumularam US$ 561,69 milhões, enquanto as importações somaram US$ 3,20 bilhões. O governo está entrando com algumas políticas, em conjunto com o BNDES, para tentar mudar esse panorama. Mais investimentos podem reduzir essa dependência, afirmou o analista.
Ele cita o programa governamental para o fortalecimento das empresas nacionais, por meio do financiamento para inovação e do incentivo a fusões. A intenção é formar uma grande empresa brasileira no setor.
Segundo Sávio, além disso, o país está se tornando uma plataforma de abastecimento da América Latina – por meio de estratégias internas dos próprios players do mercado – o que pode reverter a atual tendência da balança comercial do setor.
A Lafis destacou que, por outro lado, a indústria nacional, fortemente concentrada nas empresas transnacionais (que representam 65,1% da oferta), ainda sofre com os baixos gastos do governo com medicamentos. Hoje, de acordo com a pesquisa, cerca de 20% dos medicamentos comercializados no país são compras do governo, enquanto na Espanha este número chega a 73%.
Fonte: Valor, em 18/08/2010