Dona Elza nasceu em 1906. Acaba de comemorar seus 104 anos. Passou o dia no cabeleireiro para receber os netos, bisnetos e amigos recentes um uma elegante festa com direito até a um apetitoso bolo de nozes. Costumo dizer que ela chegou a esta idade, com saúde física e mental em perfeitas condições porque já nasceu com um MBA de gestão do envelhecimento em sua mente, brinca Andrea Prates, médica geriatra do Centro Internacional de Informação para o envelhecimento saudável.
Parte da qualidade de vida de dona Elza é explicada pela genética e pela educação recebida dos pais. Eles sempre nos ensinaram a comer o suficiente, muita fruta e legumes, diz ela em um vídeo apresentado no V Fórum de Longevidade daBradesco Seguro e Previdência. Outra parte da qualidade de vida veio da resiliência. Ela foi capaz de vencer inúmeras dificuldades, como a perda do primeiro filho com apenas um ano de idade e a morte do marido, que lhe trouxe um grande desafio: a educação financeira aos 74 anos. Foi quando assinei meu primeiro cheque, conta dona Elza.
Segundo ela, o pai sempre dizia que duas coisas eram prioritárias para construir um futuro promissor: economizar para caso tivesse uma dor de barriga mais forte e pagar as contas em dia e assim fugir dos juros. E assim fez. Costurava as cortinas, desenhava as próprias roupas, reciclava objetos de decoração e caprichava nas refeições em casa, deixando os restaurantes para ocasiões especiais.
Quando o marido morreu, tinha uma poupança e gerenciou seu patrimônio. Só com 102 anos, quando teve um problema de saúde, abriu uma conta corrente com a filha. E mesmo assim fiscaliza tudo. Ela não paga uma conta em atraso. Fica o tempo todo me perguntando se já paguei, diz a filha.
Segundo a geriatra, boa parte das instituições financeiras ainda não tem um serviço diferenciado para os idosos, além do atendimento preferencial na fila ou nos caixas automáticos e da oferta de crédito consignado com taxas de juros mais baixas em razão da garantia do pagamento da aposentadoria com débito em conta.
Fonte: Udop, em 26/08/2010