Conforme a divulgação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil possui, atualmente, capacidade de geração de hidroeletricidade de 83 mil MW e os investimentos previstos para os próximos anos assegurarão a manutenção de uma matriz energética mais limpa, renovável e ecológica do que a média do universo. A economia global, ao contrário da brasileira, é fortemente dependente de fontes não renováveis e poluentes como petróleo, carvão e gás natural. Em 2020 é estimada no Brasil a oferta de 117 mil MW, com um crescimento da ordem de 40%.
Ao lado da hidroeletricidade, haverá na vindoura década um excedente superior a 2 milhões de barris diários de petróleo, duplicando a atual produção, como resultado das explorações do pré-sal. Mas apesar da euforia, extrair petróleo em grandes profundidades marítimas é missão complexa e de difícil consecução. A Noruega e o Reino Unido exploram o óleo no oceano, preocupados com eventuais acidentes, semelhantes ao havido recentemente no golfo do México, estancado de forma transitória três meses após a explosão. Tragédias similares deverão ser prevenidas pela Petrobras.
As prioridades do governo federal continuarão na expansão da hidroeletricidade e do petróleo, com aplicações financeiras em torno de 1 bilhão de reais, sendo 70% na área do petróleo e gás natural; 23% na eletricidade e 7% na produção do etanol e biodiesel. Para os especialistas do Ministério das Minas e Energia, o planejamento dos investimentos é compatível com o crescimento econômico sustentável do país perto de 6% até 2020. No período de 2000/2010 cresceu perto de 4% ao ano.
Um considerável entrave à regularidade do abastecimento elétrico será o sistema de transmissão. O País vai precisar aumentar as suas linhas de transmissão em 30%, saindo dos atuais 95 mil km para 137 mil, até a próxima década, ampliando as interligações regionais, além de inclusão das reservas de biomassa (bagaço) e eólicas. O êxito da geração da energia do bagaço da cana e do eficaz aproveitamento dos ventos dependerão da interligação ao sistema global de transmissão.
Tradicionalmente, com exceção dos períodos de crise, como no apagão de 2001, o Brasil menospreza a racionalização e eficiência do uso da energia com o uso de máquinas, lâmpadas, motores e utensílios domésticos mais econômicos, o que poderia reduzir o consumo, sem a construção de novas unidades geradoras.
Quanto às usinas nucleares, os planos governamentais preveem a participação de 2% no balanço energético.
Continuará o etanol da cana sendo a estrela da produção de biocombustíveis líquidos na próxima década, evoluindo dos atuais 30 bilhões de litros para 53 bilhões em 2020. O grande desafio para a venda nos mercados externos é a transformação do derivado da cana em commodity. Hoje, o Brasil é praticamente o único fabricante em condições de ofertá-lo, em grandes volumes, inclusive competindo com os derivados do petróleo. Existem, ainda, perto de 91 milhões de hectares de terra disponível no Brasil, que poderão ser aproveitados com o plantio da cana-de-açúcar.
Até 2010, há uma estimativa de ocupação de 12 milhões de hectares sem necessidade do plantio em terras destinadas à produção de gêneros alimentícios. No 1º semestre de 2010, houve a queda de 20% no preço médio do litro do etanol, para R$ 1,20 nos postos de combustíveis. Desta forma, deixar a gasolina de lado para usar o etanol é compensador, além de gerar menos produção.
Ao contrário do etanol, o biodiesel não tem grande economicidade, diante do seu custo em relação ao diesel. Quase todo o biodiesel fabricado é decorrente do esmagamento da soja, o que não é justificável, porque está competindo com a produção de alimentos. O gás natural deverá ter a produção triplicada para 240 milhões de m³, com redução do preço.
Quanto ao refino do petróleo, haverá imprescindibilidade de construção de novas unidades e ampliação das atuais, a fim de diminuir o percentual de importação de diesel, nafta petroquímica e gás liquefeito de petróleo (GLP), que oneram a balança comercial.
Fonte: Udop, em 26/08/2010