Queda nos estoques faz álcool aumentar 11,8% na semana

O mercado de álcool começa a sentir os efeitos mais agudos da entressafra. Estoques baixos e produção ainda pequena da nova safra fizeram os preços disparar nesta semana nas usinas paulistas.
O consumidor também começa a sofrer no bolso os efeitos de elevação dos preços nas usinas, pagando mais pelo combustível nas bombas.
Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP, mostra que o preço do litro do álcool anidro (adicionado à gasolina) foi a R$ 0,97025 -mais 11,78% na semana. Já o litro do hidratado (usado diretamente para abastecer os veículos) subiu para R$ 0,89963 -mais 7,24% no período. Os preços não incluem os impostos.
Mesmo com a alta desta semana, os preços ainda são inferiores aos de igual período de 2006, quando o litro do hidratado estava a R$ 1,21351 nas usinas paulistas, e o do anidro, a R$ 1,21492.
Pesquisa da Folha em 50 postos da cidade de São Paulo indica que os preços do álcool também subiram para os consumidores. Em média, os postos cobram R$ 1,40 por litro, com alta de 0,21% em relação à semana anterior. Alguns postos, no entanto, já praticam R$ 1,60 por litro, conforme aponta a pesquisa semanal da Folha.
A alta de preços neste mês mostra o aperto no fornecimento do produto. O consumo mensal de álcool supera as expectativas desde dezembro e está entre 1,1 bilhão e 1,2 bilhão de litros por mês.
O aumento do consumo interno provocou a redução dos estoques, que pareciam confortáveis para o período até o início do ano. No decorrer dos meses, no entanto, os estoques foram diminuindo mais do que o esperado.
Com volume próximo de 300 milhões de litros estocados, o abastecimento de abril vai depender, em parte, da produção nova, que só virá com força total a partir da segunda quinzena do mês. Por ora, poucas usinas iniciaram a colheita, e a produção ainda é reduzida.
Outro fator que afetou o mercado foi a entrada em vigor de uma portaria da ANP (Associação Nacional do Petróleo) que proíbe que os postos comprem álcool de distribuidoras de outras bandeiras.
Isso provocou uma corrida às compras nas últimas semanas. Em geral, 25% do álcool é negociado fora da bandeira. A portaria limita, ainda, as compras entre as distribuidoras.
Mesmo com estoques baixos, o setor não deve passar, neste ano, pelos problemas enfrentados durante toda a entressafra de 2006.
Se as usinas repetirem a produção de março e abril do ano passado na antecipação da safra deste ano, vão colocar pelo menos 750 milhões de litros de álcool anidro e hidratado no mercado.
Publicado dia 24/03/2007 pela Folha de São Paulo
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

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