Engavetados em 2009 em decorrência das incertezas trazidas pela crise financeira mundial, os projetos de expansão industrial ficaram em banho-maria no primeiro semestre deste ano. Nesse meio tempo, as empresas aproveitaram para reavaliar e refazer suas programações. A boa notícia para as empresas da área de construção é que as encomendas estão de volta neste segundo semestre. Diante das projeções para o desempenho da economia nos próximos anos, por conta de eventos como Copa do Mundo, Olimpíada e do pré-sal, os projetos estão saindo do papel, diz Juan Quirós, presidente do grupo Advento. Até o primeiro semestre predominaram as obras para shopping centers e edifícios corporativos. Agora, os ligados à produção industrial, mineração e petróleo, além da área da saúde, começaram a ganhar espaço. Prova disso, de acordo com Quirós, é o valor envolvido nas concorrências das quais o Advento está participando.
Orçamos propostas no valor de R$ 4,5 bilhões este ano, contra R$ 1,7 bilhão no mesmo período de 2009, diz.
Ontem, o grupo, formado pela Sertal, de construção civil, Vecotec, de controle ambiental, e pela Vox Engenharia, especializada em instalação mecânica, entregou a nova fábrica de chocolates da Kopenhagen, em Extrema (MG), uma obra de R$ 65 milhões, com área construída de 32 mil metros quadrados. Trata-se da sétima entrega dos últimos 12 meses, de um total em andamento de 25 projetos de engenharia integrada, modalidade em que as empresas do Advento executam todo o trabalho – da edificação à manutenção dos equipamentos, passando pela instalação do sistema de ar-condicionado. Somadas a outras encomendas, as obras a cargo do Advento chegam a 45. Devemos terminar 2010 com 1,3 milhão de metros quadrados construídos, diz Quirós. Entre os projetos em curso, figuram uma fábrica da Avon, em Cabreúva, São Paulo, uma unidade da Votorantim Cimentos, no Rio de Janeiro, outra para a Unilever, em Pernambuco, e novos edifícios para os hospitais Samaritano e Einstein, em São Paulo.
Por conta do crescimento das encomendas, o Advento, mais do que triplicou seu quadro de pessoal nos últimos três anos, passando de 2,5 mil, em 2008, para os atuais 8,5 mil. O faturamento também está mais robusto: este ano, as receitas do grupo deverão chegar a R$ 1,2 bilhão, contra R$ 770 milhões no ano passado. As oportunidades no mercado interno, fizeram Quirós, que presidiu a Apex-Brasil no primeiro mandato do governo Lula, postergar, pelo menos temporariamente, a internacionalização do Advento. Hoje, a atuação no exterior está limitada a concorrências para dois hospitais, no Paraguai e no Chile. Resolvemos nos focar no mercado interno, afirma. Para ele, os eventos esportivos como a Copa do Mundo e a Olimpíada deverão gerar uma demanda suficiente para manter o setor em atividade nos próximos anos. Só queremos que haja uma democratização nas contratações, com igualdade de tratamento para as pequenas e médias empresas, diz Quirós. Um País como o nosso não pode se concentrar em meia dúzia de construtoras.
Fonte: Estadão, em 01/09/2010