Cotação do açúcar tende à recuperação

O 6º Seminário Guarani “Economia Global e Mercados de Etanol e Açúcar”, realizado ontem (26/03), em São Paulo, não deixou um sabor dos mais doces na boca de cerca de 240 participantes, entre produtores, executivos e pessoas ligadas ao setor sucroalcooleiro, mas permitiu enxergar uma luz no fim do tunel com a possibilidade de uma recuperação de preços. De acordo com Samuel Levy, da Suporte&Resistência, as cotações do açúcar branco devem cair abaixo da faixa de US$ 0,1050 a libra/peso e depois voltar a subir acima dos US$ 0,1973 a libra/peso. Levy, especialista em commodities, afirmou, durante a palestra “Correlação dos Ativos Financeiros e Commodities”, que não está ocorrendo um estouro da bolha das matérias-primas comercializadas em bolsas e mercados futuros. Ele lembrou que diversas commodities estão com as cotações em alta em decorrência de vários fatores como, por exemplo, o apagão energético na China que reduziu a produção de alumínio. Levy demonstrou que a libra/peso de açúcar já esteve cotada perto de US$ 0,20, caiu para US$ 0,085 e atingiu em março US$ 0,1510. “Voltou a cair por causa da aproximação da brasileira de cana.”

O presidente da Associação dos Produtores de Álcool, Açúcar e Energia (Biocana), Luciano Sanches, disse que o preço pago pela tonelada de cana não deve ficar muito acima dos valores pagos no ano passado. “Não tenho o valor exato ainda. Terei esta semana, mas deve ficar em torno de R$ 40 para fornecedores.” Segundo Mário Silveira, da consultoria FC Stone, é normal ocorrer uma oscilação dos preços das commodities e o setor agropecuário sabe que os altos e baixos fazem parte do negócio. Silveira afirmou que a safra brasileira deverá ser este ano entre 56% e 57% alcooleira e 33% e 34% açucareira. Esse fator colaborará para atender a demanda da frota nacional e reduzir a oferta de açúcar no mercado internacional. Segundo ele, as novas unidades que entram em funcionamento no ano passado e neste ano foram construídas para fabricar mais etanol que açúcar.

O presidente do Açúcar Guarani, Jacyr da Costa Filho, lembrou que metro cúbico de álcool está sendo comercializado na faixa US$ 500, muito acima da média histórica. Segundo ele, este ano a Guarani esmagará 15,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar com a fabricação de 1,2 milhões de açúcar e 400 milhões de litros de álcool como uma geração de 120 mil megawatts para serem exportados. O consultor da FC Stone defendeu a mesma posição em relação ao etanol que o ex-ministro Roberto Rodrigues, outro palestrante convidado, que defende a necessidade da produção de álcool ficar restrita a poucos países.

Ásia

Martin Todd, da LMC International, explicou que os principais produtores de açúcar no continente asiático (Índia, Paquistão e China) apresentarão reduções na produção de açúcar, além de terem de consumir parte dos estoques existentes. Isso ocorreria como conseqüência de utilizarem ciclo de quatro anos para a cana-de-açúcar e por causa de condições climáticas. Ele considera possível a recuperação dos preços nos próximos 12 ou 18 meses. Levy afirmou que a Índia importou 4 milhões de toneladas de trigo ano passado. Com os atuais valores pagos pelos grãos e os preços baixos oferecidos pelo açúcar, a cana deve ser substituída por culturas de alimentos básicos como arroz, milho e soja.

Fote: Diário da Região, em 27/03/2008

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