O aumento de estoques vem, principalmente, de usinas mais capitalizadas que estão conseguindo guardar o produto para ser comercializado na entressafra. A partir desta safra, usinas foram liberadas para comprar etanol de outras usinas.
Desta forma, quem possui capital está adquirindo etanol de usinas menores que, de outra forma, iria para o mercado e pressionaria as cotações.
Os estoques em torno de 7 bilhões de litros já seriam o suficiente para abastecer por três meses o consumo médio mensal deetanol brasileiro, de pouco mais de 2 bilhões de litros.
A formação de estoques do produto é vista como uma solução para minimizar a volatilidade dos preços do etanol em função dos períodos de safra e entressafra.
Quem mais sente as mudanças é o consumidor, principalmente o que possui carros bicombustíveis, e tem que fazer a todo momento cálculos para identificar qual dos dois produtos é o mais vantajoso para encher o tanque.
Na safra passada, em função da crise de liquidez, as usinas precisaram desovar etanol para conseguir recursos, derrubando de forma expressiva as cotações durante a safra. Na entressafra, sem o etanol para estocar, os preços subiram acentuadamente.
O Plano Safra atual também conta com uma linha de R$ 2,4 bilhões para financiar a estocagem de etanol, conhecida como warrantagem.
O juro, de 9% ao ano, está menor do que o da safra anterior, mas os produtores não conseguiram que os doadores do crédito aceitassem a produção de cana-de-açúcar como uma garantia de pagamento.
No Plano Safra 2009/2010, o governo disponibilizou R$ 2,31 bilhões para esse fim, mas apenas R$ 33 milhões foram acessados e, mesmo assim, só depois de 10 meses da oferta do crédito. Para os produtores, as condições do governo não eram atrativas à tomada do financiamento.
Até o fim do mês passado, os usineiros também não tinham acessado a linha da safra 2010/2011, segundo informações do Banco do Brasil, maior repassador de crédito agrícola.
Fonte: Udop, em 15/09/2010