A taxa de desemprego apurada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 6,7% em agosto, a menor taxa mensal desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002. Até a divulgação de ontem, os recordes de baixa na taxa estavam restritos aos meses de dezembro, quando há tradicionalmente um forte aquecimento do mercado de trabalho. A renda média real também foi recorde no mês.
Os dados dos primeiros oito meses de 2010 já apontam para um resultado que deverá confirmar também a menor taxa da série, para um ano fechado.
De janeiro a agosto, a taxa média foi de 7,2%, bem inferior ao melhor dado anterior para o período, de 2008, quando foi de 8,2%. O gerente da pesquisa mensal de emprego do instituto, Cimar Azeredo, atribui ao cenário econômico muito favorável os bons números de agosto.
Ele observou que, mesmo não sendo
possível adiantar se haverá novas quedas na taxa mensal nas próximas pesquisas, a série histórica mostra que, de setembro a dezembro, as taxas costumam ser menores ou iguais às apuradas em agosto, já que há aquecimento do mercado de trabalho nos últimos meses do ano.
Em agosto, segundo Azeredo, a taxa caiu porque o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) também caiu, com a criação de novas vagas no mercado de trabalho. Em relação a julho, o número de ocupados aumentou 0,5%, com a geração de 115 mil vagas. É um número a ser comemorado, disse.
Na comparação com agosto do ano passado, a ocupação aumentou 3,2%, com a geração de 691 mil vagas. Já o número de desocupados caiu 2,6% em agosto ante julho (menos 43 mil pessoas) e teve queda de 15,3% (menos 289 mil pessoas) ante agosto de 2009, mas ainda soma 1,6 milhão de pessoas nas seis regiões.
Analistas também projetam uma continuidade na evolução positiva para o emprego e a renda nos próximos meses. Para Bernardo Wjuniski, o mercado de trabalho deve continuar aquecido. Ele estima que e a taxa de desemprego prossiga em declínio, fechando 2010 no patamar de 6,9%. No ano passado, a taxa foi de 8,1%.
Ainda mais otimista está o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. O viés para o quarto trimestre é ainda mais otimista: não devemos nos surpreender se a taxa no final do ano romper para baixo a faixa de 6%, podendo se situar em 5,8%, disse ele, que sublinha que os salários também estão subindo acima do padrão histórico.
Renda. O rendimento médio real dos trabalhadores atingiu R$ 1.472,10 em agosto, o maior patamar da série histórica da pesquisa mensal de emprego do IBGE. Segundo o gerente da pesquisa, a continuidade do crescimento da renda reflete o aumento da fiscalização e da conscientização dos trabalhadores, maior rapidez no julgamento de causas trabalhistas e também a queda da inflação em agosto.
Além disso, segundo Azeredo, o próprio aumento da formalidade eleva a renda, assim como a terceirização, já que as empresas contratadas por outra precisam apresentar um contingente de funcionários legalizados.
O emprego formal também prosseguiu em elevação em agosto e, segundo o gerente, retomou, na comparação anual, o ritmo de crescimento de antes da crise. COLABOROU MARCÍLIO SOUZA
Fonte: Estado de SP, em 24/09/2010