Os Estados Unidos deveriam remover as tarifas de importação sobre o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar como forma de atender às demandas da política vigente para os biocombustíveis naquele país. A idéia foi defendida por especialistas em Agricultura durante um encontro em Washington, no dia 14/09. Atualmente o etanol produzido no Brasil é taxado em US$ 0,54 por galão pelos EUA.
“A demanda estabelecida pela política de biocombustíveis americana cresceu a um ritmo maior que o da oferta. Falhamos em abastecer o setor este ano, e o etanol de cana poderia ajudar a superar este problema,” disse Randy Schnepf, economista da Seção de Agricultura e Alimentos do Serviço de Pesquisas do Congresso (Congressional Research Service, CRS), durante o evento “Esclarecendo os subsídios aos biocombustíveis:
Considerações sobre o Farm Bill e a OMC.” O encontro foi organizado pelo centro internacional Woodrow Wilson e pelo Conselho Internacional de Alimentos e Política Comercial Agrícola (IPC, na sigla em inglês).
A lei que define o mandato para o uso de biocombustíveis nos Estados Unidos (Renewable Fuel Standard, RFS) exige a mistura de combustíveis renováveis à gasolina. A proporção para esta mistura deve crescer anualmente e atingir 136 bilhões de litros (36 bilhões de galões) até 2022. Deste total, 79 bilhões de litros (21 bilhões de galões) devem ser “Biocombustíveis Avançados,” ou seja, aqueles capazes de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 50%, em comparação à gasolina.
Mercado americano
Schnepf, co-autor do estudo “Biocombustíveis de base agrícola: Visão geral e temas emergentes” (LINK) – publicado recentemente pela CRS -, enfatizou que o etanol americano é produzido no chamado “Cinturão de Milho,” mas tem mandato de consumo a nível federal: “O etanol de cana não dominaria o mercado americano se a tarifa para o biocombustível importado fosse removida. Na verdade, ajudaria o país a suprir as demandas estabelecidas na RFS, ao mesmo tempo em que estimularia o desenvolvimento da produção doméstica de combustíveis renováveis.”
Também durante o painel, o membro do IPC e professor do Instituto de Pesquisa Alimentar da Universidade de Stanford, Tim Josling, acrescentou que “a cana é a melhor fonte para o etanol, que é uma solução construtiva para muitos dos problemas domésticos dos Estados Unidos.”
“O etanol de cana não só cumpre com este requisito, como cinco indústrias brasileiras do setor já obtiveram o registro da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) americana para exportar para os Estados Unidos sob a categoria de ‘biocombustível avançado’,” explica Joel Velasco, Representante-chefe da UNICA na América do Norte.
No início de 2010, a Agência de Proteção Ambiental confirmou que o etanol de cana é um biocombustível renovável de baixo carbono, o que reduz a emissão de gases causadores do efeito estufa em 61%, comparado à gasolina. Ano passado, o Conselho de Qualidade do Ar do estado da Califórnia (CARB, na sigla em inglês), também reconheceu a contribuição do etanol de cana na luta contra o aquecimento global: considerou o biocombustível brasileiro como o de melhor desempenho entre as fontes de energia renováveis e líquidas disponíveis atualmente no mercado.
Fonte: Udop, em 24/09/2010