Com a escassez de mão de obra qualificada e o aquecimento da economia do país, o maior desafio dos profissionais de recursos humanos para 2011 será desenvolver talentos internamente e segurar em seus quadros os melhores colaboradores. Esta é a opinião de representantes da área e presidentes ouvidos ontem, em São Paulo, pelo Valor na cerimônia de premiação das empresas eleitas como As Melhores na Gestão de Pessoas, da revista Valor Carreira.
Sérgio Chaia, presidente da Nextel, que conquistou o segundo lugar entre as empresas de 4.001 a 10.000 funcionários, afirma que a remuneração emocional é o que considera essencial para continuar atraindo e retendo pessoas. Trata-se da preocupação em garantir um ambiente de trabalho que reconheça os colaboradores por suas conquistas, afirma. Segundo o presidente, por crescer em taxas em torno de 40% ao ano, a empresa tem ampliado seus investimentos em RH. Em 2011, eles serão direcionados ao desenvolvimento de lideranças, em todos os níveis.
Paulo César Salles Vasques, CEO da Teleperformance Brasil, que conquistou o quarto lugar entre as empresas com 4.001 a 10.000 funcionários, avalia que o desafio constante da empresa tem sido o da contratação. O processo de recrutamento foi reestruturado para atender à alta demanda. Agora, a companhia tem capacidade de analisar todo mês 150 mil currículos e entrevistar cinco mil pessoas, afirma. Para o ano que vem, o CEO investirá em capacitação e aperfeiçoamento de líderes. Ele acredita que a efetividade da comunicação e os salários 40% acima da média do mercado garantem a retenção dos talentos.
De acordo com o presidente da AON Hewitt, Emerson Soma, as companhias têm conseguido bons resultados desenvolvendo internamente seus profissionais. É fundamental que elas se concentrem nisso. Os talentos estão caros e escassos, afirma.
Rosemary Deliberato, superintendente de RH da BV Financeira, empresa eleita A Melhor na Gestão de Pessoas de 2009, afirma que esta investindo com esse objetivo. A meta é que nossos programas de formação atinjam 100% dos funcionários no próximo ano, diz.
Na AmBev, primeira colocada entre as empresas com mais de 10.000 funcionários, o vice-presidente de gente e gestão Marcio Fróes, afirma que a companhia dedica bastante tempo no acompanhamento dos planos individuais de funcionários. Essa política propicia o reconhecimento pelo mérito e traz mais oportunidades de crescimento.
Janete Vaz, diretora executiva do Laboratório Sabin, que alcançou o primeiro lugar entre as empresas de 501 a 1.000 funcionários, afirma que a guerra por talentos tem feito com que a empresa invista cerca de 20% de seu faturamento total em gestão de pessoas. Oferecemos participação em resultados e desafios, além de uma política meritocrática e bastante atrativa em relação aos benefícios.
Para o diretor de RH Sebastião Vorlei Barbosa, da gaúcha Graziottin, que conquistou o quarto lugar entre as empresas de 1.001 a 2.000 funcionários, o maior desafio do ano foi o de revelar talentos com a mesma velocidade com que os negócios cresceram. A companhia tem dois grandes programas de formação de líderes pelos quais já passaram quase 90% dos gerentes. Em 2011, o foco será o desenvolvimento de sucessores. A Graziottin tem como esteio formar as pessoas, afirma.
Daniela Zanzini, diretora da Zanzini Móveis, primeira colocada entre as empresas de 100 a 500 funcionários, ressalta a mesma dificuldade e tem investido mais para reter talentos. Nossa estratégia para enfrentar esse problema está atrelada a pilares como educação, conhecimento, experiência, habilidade e responsabilidade social, diz.
A Tortuga, segunda colocada entre as companhias de 1.001 a 2.000 funcionários, aposta na qualidade do clima organizacional, nos benefícios e nos planos de carreira para segurar seus melhores colaboradores. Para o próximo ano, a meta será a qualificação acadêmica de seu quadro. Temos o Plano de Ascensão Profissional, que permite que todos os colaboradores conheçam as vagas disponíveis internamente. Possuindo os requisitos mínimos, eles podem se candidatar e ser promovidos, afirma Sergio Larrosa, gerente de RH.
Eunice Rios, diretora de recursos humanos da Embraer, que ficou em quarto lugar entre as empresas com mais de 10.000 funcionários, afirma estar atenta ao aquecimento do mercado e prevê um investimento maior em treinamento e formação de líderes. É preciso entender as expectativas de carreira com foco no engajamento aos valores empresariais, afirma.
Ana Lúcia Zacariotto, diretora de RH da Plascar, segunda colocada entre as empresas de 2.001 4.000 funcionários, afirma que, por atuar em um mercado altamente competitivo, a empresa coloca o desenvolvimento de talentos no centro dos investimentos. Criamos mecanismos para capacitar nossos gestores. Queremos prepará-los para mobilizar os colaboradores e, assim, aumentar a produtividade, afirma.
Fonte: Valor, em 29/10/2010