Nos próximos cinco anos, 40% da produção brasileira de etanol estará nas mãos de estrangeiros. A projeção foi apresentada ontem pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) no Congresso Mundial do Etanol, que reúne em Genebra as maiores indústrias de biocombustíveis.
A projeção foi considerada por empresários como o melhor espelho da revolução silenciosa que sofre o setor no mundo. Após dois anos de uma crise sem precedentes, os produtores de etanol passam por uma profunda reestruturação. A liderança de aquisições e fusões, porém, não está nas mãos de grupos agrícolas, mas sim de grandes empresas petroleiras do mundo.
Ontem, Shell, BP, Petrobras e outras multinacionais do setor de energia anunciaram que se preparam para fazer investimentos substanciais nos próximos anos no setor de etanol. Para elas, o biocombustível é a opção mais realista para complementar o petróleo nos próximos 30 anos e, nessa estratégia, o Brasil é o principal alvo. ?Para as multinacionais de energia, o etanol é visto como uma fonte de energia mais acessível que o petróleo no Ártico, as reservas nos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ou a gasolina da Venezuela?, admitiu James Primrose, chefe de estratégia da BP Biocombustíveis.
?Em 2007, apenas 7% do setor do etanol do Brasil estava em mãos estrangeiras. Nossa previsão para 2010 era de que essa taxa chegaria a 12%. Mas o que vimos foi que o número hoje já é de 22%?, disse o representante chefe da Unica para a União Europeia, Emmanuel Desplechin. Essa tendência vai continuar e até se aprofundar. ?Nos próximos cinco anos, a projeção é de que 40% do setor seja já internacionalizado no Brasil?, destacou. Segundo ele, os investimentos desde 2005 permitiram uma expansão da produção do etanol de 70% no País.
Fonte: As informações são do jornal O Estado de S. Paulo