O mal-estar mundial em relação aos níveis de desemprego e fim de benefícios sociais chega à Organização Internacional do Trabalho (OIT). Pela primeira vez em décadas, os empregados da OIT anunciaram greve geral se suas reivindicações não forem atendidas. Eles acusam a OIT de violar direitos básicos, como a liberdade sindical e de manter pessoas com contratos temporários.
Sediada em Genebra desde 1919, a OIT tem como mandato promover direitos trabalhistas, incentivar oportunidades de trabalho decente e fortalecer o diálogo entre sindicatos, governos e entidades patronais.
A OIT percorre o mundo dando recomendações e acusando governos de não fazer o suficiente por criar postos de trabalho. Hoje, durante o G-20, vai apelar aos líderes mundiais para que continuem a incentivar suas economias para permitir a criação de empregos. A estimativa é de que 5 milhões de pessoas perderam empregos na construção e na indústria no mundo este an0.
Agora, a entidade vive uma saia-justa sem precedentes. Seus próprios empregados a acusam de cínica e o protesto ameaça manchar a credibilidade da entidade tida como bastião da defesa dos direitos trabalhistas no mundo.
Como é que damos aulas aos líderes sobre desemprego e convenções se a própria OIT desrespeita os direitos básicos?, diz Christoph Kazlauskas, chefe do sindicato dos trabalhadores.
Ontem, representantes dos 3 mil trabalhadores impediram reuniões do Conselho da OIT. Mandamos nossa lista de pedidos e, se não tivermos resposta até o dia 16, entraremos em greve, avisa Kazlauskas. Há dois anos que enviamos pedidos ao diretor Juan Somavia, mas não recebemos resposta. O que queremos não é nada de extraordinário: estabilidade no emprego e liberdade de associação.
Fonte: Estadão, em 10/11/2010