O ritmo de crescimento da oferta interna de energia elétrica no Brasil deverá ser menor que a velocidade de expansão da demanda até 2019, mas ainda assim ficará acima do consumo, afirma um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
A oferta interna de energia elétrica deve crescer de 539,9 terawatts-hora (TWh) em 2010 para cerca de 830 em 2019, o que significa um crescimento de 53,7 por cento entre os dois períodos, prevê o Ministério de Minas e Energia (MME).
Já o consumo deverá crescer de 455,2 TWh para 712 TWh, ou 56,4 por cento. O crescimento médio anual é de 5,3 por cento.
Um terawatt corresponde a 1.000 gigawatts, ou 1 milhão de megawatts.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2019, o consumo final energético crescerá de 228 milhões tep (unidade que permite somar várias fontes de energia como petróleo, gás e óleo diesel) em 2010 para 365,7 milhões tep em 2019, o que corresponde a uma taxa anual média de crescimento de 5,4 por cento.
O montante global de investimentos em oferta de energia elétrica será de cerca de 214 bilhões de reais.
Parte dos investimentos em geração referem-se a usinas já concedidas e autorizadas, entre elas, as usinas com contratos assinados nos leilões de energia nova. Os empreendimentos de geração ainda não concedidos ou autorizados serão responsáveis por 108 bilhões de reais, disse o ministério.
O estudo, que projeta um crescimento anual do PIB de 5,1 por cento entre 2010 e 2019, mostra ainda que o crescimento do consumo residencial neste período deve ser de 4,6 por cento ao ano, enquanto o industrial deverá avançar 5,1 por cento ao ano e o comercial, 6,2 por cento.
O submercado Norte deverá apresentar o maior crescimento no consumo de energia, avançando 8,2 por cento ao ano, de acordo com o plano decenal. O Nordeste, por sua vez, deverá registrar alta de 5,4 por cento, enquanto o Sudeste/Centro-Oeste deve crescer 5 por cento e o Sul, 4,5 por cento.
São importantes para a projeção de consumo na rede as premissas setoriais adotadas para a autoprodução, cuja parcela do consumo total de eletricidade não compromete o investimento para a expansão do parque de geração e de transmissão do sistema elétrico brasileiro, diz o relatório.
A autoprodução de energia deve crescer de 20.007 gigawatts-hora em 2010 para 45.585 GWh em 2019, ou 127,8 por cento. As principais autoprodutoras, segundo o ministério, serão siderúrgicas, empresas de papel e celulose e petroquímicas.
O índice de perdas de energia, por sua vez, deve ficar praticamente estável, registrando 15,7 por cento em 2010, 15,8 por cento em 2014 e 15,5 por cento em 2019.
CONSUMO DE GÁS EM ALTA
O consumo total de gás natural deve avançar, em média, 10,1 por cento ao ano, com o Sudeste apresentando a maior elevação, de 9,9 por cento no período.
A demanda por óleo diesel, por sua vez, deve crescer 5,9 por cento ao ano, em média, enquanto o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) deve crescer 2,6 por cento no mesmo período, enquanto o do querosene de aviação deve crescer 5,4 por cento.
A demanda final por gasolina, por outro lado, deve recuar 1,9 por cento. É sabido que a escolha do combustível é uma função que depende principalmente da relação de preços entre etanol e gasolina. Considerou-se que o etanol deverá continuar competitivo, cita o relatório.
Fonte: Reuters, em 30/11/2010