Ao completar dez anos, a empresa anuncia que investirá US$ 100 milhões no setor na próxima década e busca dobrar a produtividade da cana nos próximos 20 anos.
Já em 2011, a Syngenta coloca à disposição de usinas e de produtores pequenas gemas que -a exemplo do que já ocorre com soja e milho- poderão ser semeadas com máquinas. Essas gemas (de 4 cm) são a parte que fica no entrenó dos gomos. Uma cana tem, em média, 15 gemas.
Tecnologia desenvolvida por um cientista brasileiro, o novo método atraiu a atenção das usinas e de produtores, que já fizeram pedidos no valor de US$ 200 milhões.
A empresa entregará aos produtores as gemas tratadas com produtos químicos e outras substâncias para que não percam umidade e tenham crescimento.
Dado o primeiro passo, os investimentos da multinacional continuam com o objetivo de elevar a produção de açúcar na cana.
Antonio Carlos M. Guimarães, presidente da Syngenta Proteção de Cultivos na América Latina, explica que a busca dessa maior produção passa pela conjugação de três fatores.
Um deles é a utilização de agroquímicos que permitirão a elevação da produtividade agrícola. Outro: a utilização da biotecnologia para elevar o teor de açúcar. A maior produtividade passa, ainda, pelo aproveitamento da palha da cana, que gerará mais álcool de segunda geração.
Com isso, acreditamos que podemos dobrar a produção agrícola em 20 anos. Produzir mais açúcar para dobrar também a produção de etanol, diz o executivo.
Esse aumento no rendimento industrial permitirá que se produza mais com a mesma área de cana, diz ele.
OPERAÇÕES GENÉTICAS
Estamos trabalhando em operações genéticas da cana que serão lançadas possivelmente entre 2018 e 2020. Além do centro de pesquisa no país, a empresa contará com pesquisas já adiantadas em outros países e que serão trazidas para o Brasil.
Essas operações genéticas permitirão que o metabolismo da cana seja enganado por mudanças genéticas, fazendo com que a planta produza de 20% a 40% mais de açúcar, o que gerará também mais etanol.
Atualmente, um hectare gera 87 toneladas de cana, e cada tonelada produz 90 litros de álcool no pico da safra. Já a capacidade de produção de açúcar no pico de safra é de 160 quilos por tonelada de cana, mais dez litros de álcool residual.
O problema para o setor é que o primeiro um terço da safra gera 25% menos açúcar do que a produção do meio da safra. Já o um terço final gera 15% menos. O desafio é produzir uma cana que tenha teor de sacarose mais homogêneo durante toda a safra.
Mas Guimarães está ciente que o caminho para a maior produtividade não é curto. Uma coisa é fazer alteração genética, o que já está em processo avançado. Depois vêm os pacotes regulatórios para que a alteração genética não impacte o ambiente.
Finalmente, há a necessidade de aprovação disso. E, como não existe nada aprovado em cana ainda, isso deve demorar alguns anos.
Fonte: Udop, em 09/12/2010