O litro do etanol chegou a ser vendido ontem (17) em Rio Preto a R$ 2,099
Em menos de um mês, o preço do litro do etanol em Rio Preto teve reajuste de até 13,5% e rompeu a barreira dos R$ 2,00. Ontem, o maior valor encontrado nos postos de combustíveis chegou a R$ 2,139 pela manhã, mas recuou para R$ 2,099 à tarde.
No dia 22 de fevereiro, o maior valor era R$ 1,849. A reportagem do Diário percorreu 40 postos ontem (17) em diversas regiões da cidade e observou que o preço mais praticado para o etanol era de R$ 1,999. Na pesquisa anterior, dia 22 do mês passado, esse valor estava em R$ 1,799, o que representa uma alta de 11%.
Se abastecer com etanol já não estava vantajoso em Rio Preto, agora ficou ainda pior. O preço do litro mais praticado para o álcool (R$ 1,999) representa 76,9% do preço mais praticado da gasolina (R$ 2,599), portanto, fora da relação de vantagem entre os dois, que é de até 70%.
E, se o preço do etanol aumenta, o da gasolina também sobe, ainda que não nas mesmas proporções, resultado da variação do álcool anidro adicionado ao derivado de petróleo. De acordo com Roberto Uehara, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) de Rio Preto, houve alta de 5% no preço do derivado de petróleo.
O último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), relativo à semana de 6 a 12 de março, mostra que o preço médio do etanol em Rio Preto era R$ 1,861. O valor mínimo era R$ 1,749 e o máximo, R$ 1,899. A pesquisa da ANP também aponta para um aumento de 11,3% no valor do etanol nas últimas quatro semanas. Em 13 de fevereiro custava R$ 1,670; passou para R$ 1,700 na semana seguinte; para R$ 1,769 na semana do dia 27, até chegar à R$ 1,861, no último dia 12.
Segundo Uehara, o aumento no valor do etanol vem ocorrendo semanalmente, em função da escassez de produtos. “As usinas estão sem etanol para entregar. E, quando recebemos com alta pelas distribuidoras, temos de repassar aos consumidores.” A tendência, segundo Uehara, é de manutenção na tendência de alta, com possibilidade de o litro do produto chegar a R$ 2,15. “O etanol nos está sendo entregue pelo preço de custo de R$ 1,95.”
Indicador
O último indicador elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), do dia 15, informa que o ritmo de comercialização de etanol no mercado paulista voltou a ficar mais lento na semana passada. Ainda assim, os indicadores dos etanóis continuaram em alta, impulsionados pela baixa oferta, devido à entressafra na região Centro-Sul. Entre 9 e 11 de março, o indicador semanal Cepea/Esalq do etanol anidro foi de R$ 1,4535/litro (sem impostos), alta de 1,73% frente ao da semana anterior. Para o hidratado, o indicador Cepea/Esalq foi de R$ 1,3754/litro (sem impostos), elevação de 2,6% no período.
Houve aumento nos dois indicadores no último mês. O anidro, de 14,5%, ao se considerar o preço inicial de R$ 1,2709, da semana de 7 a 11 de fevereiro. O hidratado subiu 20% no mesmo período. Naquela data, era cotado a R$ 1,1454. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) foi procurada, mas não tinha porta-voz para atender à reportagem.
Em um artigo disponível no site da entidade, assinado por Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, e Luciano Rodrigues, gerente de Economia e Análise Setorial, a entidade informa que como o preço do mercado é definido pela interação das condições de oferta e demanda, é natural que se observem valores mais baixos durante a safra, quando há abundância de produto, e preços mais elevados na entressafra, período em que a oferta é menor devido à pausa na produção.
A entidade afirma ainda que questões climáticas afetaram o preço do produto. Nesse ano, a intensa seca que atingiu boa parte da região produtora reduziu a produtividade dos canaviais e reduziu a disponibilidade de matéria-prima para produzir o etanol.
Consumo migra para gasolina
O consumo de etanol hidratado deve cair 50% nos meses de março e abril ante a média registrada em dezembro de 2010, de 1,5 bilhão de litros. A afirmação foi feita pelo diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, depois de participar de reunião na Agência Nacional de Petróleo Gas Natural e Biocombustível (ANP), realizada ontem no Rio de Janeiro.
No encontro, que reuniu representantes dos ministérios da Agricultura e das Minas e Energia, da ANP, de produtores, distribuidores e revendedores de etanol, também foi constatado que não foram encontrados sinais de descontinuidade no abastecimento de etanol pela ANP.
Segundo Pádua, na última semana está sendo registrada uma forte migração de etanol para gasolina. A expectativa é de que, nos meses de março e abril, o consumo de hidratado fique em cerca de 750 milhões de litros. “As recentes altas no preço do etanol na bomba finalmente fizeram o consumidor optar pela gasolina”, disse Pádua.
Alísio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), confirma que as distribuidoras elevaram suas compras de gasolina e reduziram de hidratado para os próximos meses.
Fonte: Diário da Região, por Liza Mirella, em 17/03/2011